A rotina de encontros sigilosos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), e outras autoridades se intensificou nas últimas semanas em razão das negociações em torno da reforma ministerial para acomodar partidos do Centrão.
As reuniões nas residências oficiais, quase sempre noturnas, não constam nas agendas de Lula e dos seus interlocutores, mas têm sido flagradas pela imprensa. A prática contrasta com as críticas do Planalto ao mesmo expediente adotado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e contraria seu discurso de avanço na transparência.
Contrariando a promessa de realizar tratativas às claras, os encontros secretos de Lula e Lira usam de subterfúgios para tentar enganar repórteres da capital federal, como a dispensa do tradicional comboio presidencial de segurança. Em entrevistas, o presidente prometeu que as conversas com líderes partidários seriam de conhecimento público, até mesmo para evitar especulações. “Nunca é bom você viver sob suspeição”, disse o chefe do Executivo em recente entrevista à TV Record.
Lula repetiu a afirmação em outras ocasiões, mas suas palavras foram desmentidas por assessores que acabaram confirmando a série de visitas de interlocutores ocultos ao Palácio da Alvorada e dele à residência oficial da Câmara e em outros locais, como o jantar na casa do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em 2 de agosto, com o ministro Cristiano Zanin, na véspera da posse dele.
Enquanto Lula tenta ganhar tempo para definir os ministérios que serão comandados pelos deputados André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), indicados há mais de um mês por seus partidos, as promessas vêm sendo feitas e descumpridas.
Outras reuniões de Lula foram tratadas posteriormente como sendo informais, a exemplo do churrasco realizado no começo do mês na casa do ministro da Secretaria de Comunicação (Secom), Paulo Pimenta, com representantes da articulação política do governo, para tratar justamente do esforço para ampliar a base de apoio no Congresso.
Apesar dessas evidências, todos os encontros secretos continuam sendo negados pelo Planalto, pela Secom e pelas assessorias dos outros poderes.
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