Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Transição

Lula diz que Moraes é orgulho para o Brasil e pede fim das manifestações: “voltem pra casa”

Lula Congresso STF
Ainda em tom de campanha, Lula falou sobre vários temas que devem ser prioridade no seu mandato presidencial durante encontro com parlamentares da base aliada. (Foto: Fernando Bizerra/EFE)

Ouça este conteúdo

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu com deputados e senadores da base aliada na manhã desta quinta-feira (10) no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, sede da transição do governo. Essa é a primeira vez que Lula visitou o local, onde deve realizar uma série de reuniões internas ao longo do dia.

O evento contou ainda com a presença da presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e da futura primeira-dama Rosângela Silva. Recentemente o espaço recebeu reforço na segurança para evitar manifestações de apoiadores do atual presidente Jair Bolsonaro (PL).

Ainda em tom de campanha, Lula falou sobre vários temas que devem ser prioridade no seu mandato presidencial, criticou a reforma da previdência, declarou que pretende rever as relações de trabalho no país e pediu tolerância aos manifestantes que protestam contra o resultado das eleições. O petista afirmou ainda que, a partir de agora, os outros Poderes “vão ter paz” e elogiou o ministro Alexandre de Moraes.

Bancadas atuantes no Congresso

Na abertura do evento, a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, falou sobre a importância da base aliada para promover as mudanças necessárias no Brasil a partir do próximo ano. “O povo brasileiro quer mudanças nesse país. E nós vamos começar essas mudanças. Para que elas aconteçam, vamos precisar ter no Senado e na Câmara nossas bancadas atuantes e sempre alerta e trabalhando muito para que possamos fazer as mudanças legislativas que o país precisa e dar sustentação para esse governo”, afirmou Gleisi na abertura do encontro.

Na sequência, o vice-presidente Geraldo Alckmin, coordenador da equipe de transição, falou sobre os trabalhos do grupo. Segundo ele, a transição será democrática, participativa e contributiva.

“O programa já foi delineado na proposta da campanha. O que tem que se fazer é cumpri-lo. Precisamos fazer uma transição para que essa ‘transferência de bastão’ não interrompa a corrida, pois o Brasil tem pressa para melhorar a vida da população”, afirmou.

“É uma fase de levantar dados, antecipar questões, ganhar tempo, buscando eficiência nesse trabalho para, sob a liderança do presidente Lula, no dia primeiro de janeiro mãos à obra, trabalho e realizar as aspirações da nossa população”, disse Alckmin.

Cargos na transição não garantem ministério

Em seu discurso, Lula afirmou que fez questão de colocar Alckmin como coordenador da equipe de transição para evitar possíveis questionamentos sobre quem deve ocupar os ministérios no futuro governo, destacando que as pessoas escolhidas para ocupar cargos nos trabalhos da comissão não têm garantia de assumir alguma pasta.

“Eu tenho um pedido para todo mundo. Quando convidar alguém para participar da comissão de transição é para dizer que as pessoas que foram escolhidas não serão ministros. Pode ser ou pode não ser. Mas não fiquem trabalhando com isso”, disse.

“A comissão de transição não decide nada. O que ela vai fazer é como se fosse uma máquina de ressonância magnética, para fazer um levantamento da situação do país. E a partir dessa situação do país nós vamos discutir e tomar algumas decisões para começarmos o processo de mudança”, afirmou o presidente eleito.

Lula fala em rediscutir relação entre capital e trabalho no século XXI

O petista afirmou ainda que pretende rediscutir da relação de trabalho e debater em seu governo alguns direitos que foram retirados dos trabalhadores. “A gente quer discutir o mundo do trabalho. Você não pode viver em um mundo em que os trabalhadores parecem que são microempreendedores, mas que trabalham como se fossem escravos, sem nenhum sistema de seguridade social para protegê-los num infortúnio”, disse.

“Os empresários que ficaram chateados porque nós falamos que vamos rediscutir a legislação trabalhista, a verdade é que nós vamos ter que discutir a relação capital e trabalho no século XXI. Quem é empresário sério, quem é sindicalista sério, sabe que a gente não poderia ficar no século XXI tratando apenas da lei feita em 1943, mas a gente também não pode abdicar daquilo que era conquista e que dava segurança ao ser humano mais humilde, alguns direitos que foram tirados dos trabalhadores”, disse Lula, criticando em seguida a Reforma da Previdência.

“Por que as pessoas são levadas a sofrerem para garantir a tal da estabilidade fiscal nesse país? Por que toda hora as pessoas falam que é preciso cortar gasto, fazer superávit, teto de gastos? Por que essas mesmas pessoas que discutem com seriedade o teto de gastos não discutem também a questão social desse país? Por que a gente tem meta de inflação e não tem meta de crescimento? Por que a gente não estabelece um novo paradigma de funcionamento nesse país?”, declarou o petista.

“Moraes teve uma coragem estupenda”

Lula utilizou parte do seu discurso para elogiar a Justiça Eleitoral durante as eleições de 2022 e destacou o trabalho do presidente da Corte, ministro Alexandre de Moraes.

“Ontem eu vim aqui (em Brasília) para visitar as instituições brasileiras para dizer o seguinte: a partir de agora vocês vão ter paz. Vocês não vão ter um presidente desaforado querendo intervir no STF, no TSE, no Congresso”, disse Lula.

“Não é possível. Os ministros da Suprema Corte não podem ir num restaurante, não pode ir ao Cinema, não podem sair de casa. O presidente do TSE, que teve uma coragem estupenda. É um homem que teve comportamento exemplar e é o orgulho de todo o Brasil”, disse Lula.

“Não me importa se o Alexandre de Moraes é conservador, é progressista, de direita, de centro, o que importa é que ele foi de muita coragem e muita dignidade na lisura e no compromisso de dirigir essas eleições”, afirmou o petista.

“Querem esvaziar o caixa da Petrobras”

O presidente eleito criticou ainda os dividendos bilionários pagos pela Petrobras para os acionistas e afirmou que o atual governo pretende “esvaziar o caixa” da empresa.

“Eu posso garantir que a coisa mais barata em um país é cuidar dos pobres. A coisa mais cara é garantir que o sistema financeiro receba aquilo que o estado lhe deve. A coisa mais cara é aquele dinheiro que é inútil, que você não tira proveito dele. Vocês vejam, só nesse período de governo já (foram pagos) mais de R$ 150 bilhões em dividendos para os acionistas da Petrobras e nada para o investimento. Essa semana inventaram a distribuição de mais R$ 50 bilhões de um possível lucro futuro. Qual é a idéia? Esvaziar o caixa da Petrobras para que a gente não possa fazer nada”, criticou o petista.

Lula pede fim das manifestações: “voltem para casa”

O presidente eleito comentou ainda as manifestações nas ruas, pedindo que a população respeite o resultado das eleições e “volte para casa”. “Lamentavelmente tem gente, uma minoria, que tá na rua. Eles não sabem nem o que pedem. Eu se pudesse dizer para essas pessoas, voltem para casa. Democracia é isso. Uma ganha, outro perde. Um ri, outro chora. Voltem para casa. Não sejam violentos com quem pensa diferente de vocês. Vamos respeitar quem não gosta do candidato que nós gostamos. A democracia é isso. É viver na diversidade. Não peço pra ninguém gostar de mim. Só peço que respeitem o resultado eleitoral. Nós vencemos a eleição, vamos recuperar esse país e vou precisar muito de cada um de vocês”, disse o petista.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.