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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira (5) que não é presidente da República “para receber colar de pedra preciosa”. A declaração ocorre após o ex-chefe do Executivo Jair Bolsonaro (PL) ser indiciado pela Polícia Federal no caso das joias sauditas. Sem citar Bolsonaro diretamente, o petista fez referência à investigação.
“Quando eu estiver fazendo uma coisa errada, ao invés de você falar ‘o Lula está errando’, você tem que falar, ‘eu estou errando, eu estou errando porque o Lula é o nosso povo na Presidência da República’. Se não, não teria sentido eu ser presidente da República. Não teria nenhum sentido. Para quê? Para receber colar de pedra preciosa, para governar para os de sempre?”, disse Lula ao visitar as obras do Quarteirão da Educação em Diadema, na Grande São Paulo.
Bolsonaro é alvo de um inquérito que apura um suposto esquema de desvio de joias presenteadas à União por autoridades estrangeiras. Nesta quinta (4), a PF concluiu o relatório sobre a investigação e decidiu indiciar o ex-presidente e outras 11 pessoas.
A PF concluiu que Bolsonaro cometeu três crimes: peculato, lavagem de dinheiro e associação criminosa. A informação foi revelada pela GloboNews e confirmada pela Gazeta do Povo com fontes da corporação. Entre os três kits de joias citados no inquérito havia um colar de diamantes.
Deputado questionou presentes oficiais de Lula
Em 2016, o Tribunal de Contas da União determinou à Secretaria de Administração da Presidência e ao Gabinete Pessoal do Presidente da República que todos os itens recebidos por Lula durante viagens oficiais deveriam ser incluídos no patrimônio da União.
Lula restituiu 453 itens avaliados em mais de R$ 2,2 milhões. No entanto, manteve três relógios de luxo por considerá-los personalíssimos. Na ocasião, o TCU não contestou. O caso voltou à tona após o início da investigação envolvendo Bolsonaro.
O deputado federal Sanderson (PL-RS) pediu à Corte de contas uma investigação sobre os presentes oficiais mantidos pelo petista. Em 2023, o TCU estabeleceu que presentes oficiais de alto valor comercial, mesmo que sejam de caráter personalíssimo, devem ser devolvidos à União. Contudo, o entendimento da Corte prevê que a determinação não deve retroagir.
Em maio deste ano, a área técnica do TCU considerou que Lula não precisará devolver um relógio de luxo que ganhou em 2005 durante seu primeiro mandato. A peça, avaliada em R$ 60 mil, é um Cartier Santos Dumont feito de ouro branco 18 quilates, prata 750 e com uma pedra safira azul.
O parecer foi feito com base na resolução de 2023, assim, não valeria para o relógio Cartier recebido em 2005. O relatório técnico ainda será analisado pelo plenário do TCU.