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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chamou o presidente Lula (PT) de “defensor dos terroristas do Hamas” e disse que o petista “detesta Israel”.
O comentário de Bolsonaro se refere a uma fala em que José Múcio, ministro da Defesa, afirmou que o governo barrou a compra de blindados israelenses por “questões ideológicas”.
De acordo com Múcio, o Palácio do Planalto está interferindo nos negócios da pasta, principalmente na licitação para a compra de 36 blindados para a artilharia do Exército vencida por uma empresa israelense.
Múcio não especificou qual licitação foi barrada, mas a negociação em andamento se refere à licitação de quase R$ 1 bilhão vencida pela Elbit Systems pelos critérios técnico e de menor preço à frente de concorrentes da França, China e Eslováquia.
“Ou seja, se quisermos comprar algo similar, pagaremos mais caro, com o dinheiro do povo, afinal Lula é defensor dos terroristas do Hamas e detesta Israel”, escreveu Bolsonaro em seu perfil no X, nesta quarta-feira (9).
“Os signatários da ‘Carta pela Democracia’ e outros poderiam nos mostrar que Lula estando ao lado do Irã, China, Coreia do Norte, Nicarágua, Cuba e Venezuela faz bem a economia do Brasil e as liberdades do seu povo”, completou.
Governo evita assunto
Como informado pela Gazeta do Povo, embora o governo não admita publicamente a proibição, fontes afirmam que a alta cúpula do governo – especialmente o embaixador Celso Amorim, que é assessor do presidente Lula para assuntos internacionais – é contra a compra da Elbit Systems.
A alegação é de que Israel está envolvido no conflito com o Hamas e alvo constante de críticas do presidente pela reação na Faixa de Gaza, o que poderia soar contraditório com a política externa brasileira. A compra poderia financiar indiretamente os ataques aos palestinos e, mais recentemente, ao Líbano contra o Hezbollah.
Compra tem aprovação do TCU
No mês passado, o Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou a compra barrada pelo governo Lula.
“Não existem tratados internacionais internalizados pelo Brasil ou embargos do Conselho de Segurança das Nações Unidas que criem algum empecilho a esse respeito. [...] Não há restrição relativa a fornecedor que tenha sua sede em país em situação de conflito armado, seja quanto à sua participação em licitação, seja quanto à celebração ou a manutenção de contrato”, disse o TCU em meados de setembro após consulta.