O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontrou por quase uma hora com o papa Francisco, nesta quinta-feira (13), no Vaticano. No Twitter, Lula disse que o encontro foi para "conversar sobre um mundo mais justo e fraterno".
De acordo com informações divulgadas pelo PT, eles discutiram assuntos como a situação da Amazônia e o clima político na América do Sul. Em declaração ao chegar à Itália, o ex-presidente afirmou que pretendia mais “ouvir do que falar”.
A visita não constava na agenda oficial do pontífice e foi intermediada pelo presidente da Argentina, Alberto Fernández, que visitou o papa no dia 31 de janeiro.
Segundo o jornal O Globo, a reunião com Francisco aconteceu na casa de hóspedes Santa Marta, dentro da Cidade do Vaticano, onde mora o argentino.
Troca de cartas entre Lula e o papa
Em maio de 2019, o papa Francisco respondeu a uma carta enviada pelo ex-presidente petista da prisão. Na missiva, o pontífice se solidarizava pelas mortes da ex-primeira-dama Marisa Letícia, do irmão de Lula, Genival Inácio, e do neto Arthur, que tinha apenas 7 anos, e pedia para que Lula não desanimasse diante das adversidades.
“Tendo presente as duras provas que o senhor viveu ultimamente (…), quero lhe manifestar minha proximidade espiritual e lhe encorajar pedindo para não desanimar e continuar confiando em Deus”, escreveu Francisco.
Um ano antes, o ex-presidente já tinha recebido um terço abençoado por Francisco, levado pelo advogado argentino Juan Gabrois, fundador do Movimento dos Trabalhadores Excluídos e ex-consultor do Pontifício Conselho Justiça e Paz.
Encontro com líderes italianos
O ex-presidente brasileiro desembarcou em Roma na quarta-feira (12), acompanhado de uma pequena comitiva formada por alguns assessores e o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim, responsável pelo Itamaraty entre 2003 e 2010.
Segundo o PT, Lula aproveita a viagem para realizar outros compromissos, como se encontrar com líderes políticos locais. Entre eles, o atual secretário-geral do Partido Democrático, Nicola Zingaretti, e o ex-primeiro-ministro italiano Massimo D’Alema, que havia visitado Lula na prisão, em Curitiba.
Segundo o Globo, o petista será recebido, na noite desta quinta, pela Confederação Geral dos Trabalhadores Italianos, entidade similar à CUT do Brasil. O ex-presidente deve retornar ao Brasil neste sábado (15).
Audiência em que Lula prestaria depoimento foi adiada
Condenado em dois processos na Operação Lava Jato e investigado em mais oito inquéritos por crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e tráfico de influência no Brasil, Lula viajou para Itália após comunicar formalmente a Justiça.
A visita ao Vaticano só foi possível porque a 10ª Vara Criminal Federal de Brasília adiou uma audiência da Operação Zelotes em que Lula deveria depor. O petista é suspeito de vender medidas provisórias (MPs) para beneficiar o setor automotivo.
A acusação é de corrupção passiva por supostamente ter participado da venda da MP 471/2019, que prorroga os incentivos fiscais para montadoras nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Os advogados do petista argumentaram que “conforme se procedeu durante todo o tramitar do feito, o peticionário [Lula] declara que não deixará de comparecer a nenhum ato judicial para o qual sua presença seja obrigatória”.
A audiência estava marcada para o dia 11 de fevereiro. O depoimento foi remarcado para próxima quarta-feira (19).
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