O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está em viagem ao Egito e Etiópia nesta semana para estabelecer relações bilaterais com países da África e do Oriente Médio de modo a aproximar os continentes e ir além de manter diálogos principalmente com Estados Unidos e Europa – este último que frustrou os planos do petista de destravar o acordo entre Mercosul e União Europeia.
A necessidade de ampliar a parceria multipolar deu o tom do discurso de Lula durante a declaração conjunta com o presidente egípcio Abdel Fatah El-Sisi na manhã desta quinta (15), em que destacou ainda a utilização de uma moeda alternativa ao dólar para as transações comerciais, o fortalecimento do Brics – bloco formado por países como Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul além dos que aderiram recentemente – as relações comerciais entre Brasil e Egito, entre outros assuntos.
Lula também falou sobre as guerras, criticando a intensidade do contra-ataque israelense ao Hamas, que está vitimando civis, e à baixa representatividade da Organização das Nações Unidas (ONU) para encontrar uma solução para os conflitos.
Lula destacou que Brasil e Egito estão completando 100 anos de relações diplomáticas e que ele está de volta ao país após 20 anos da primeira visita, em que já defendia um multilateralismo comercial com o continente além de focar apenas nos Estados Unidos e Europa – ele afirma ter sido o primeiro presidente brasileiro a visitar o país. “Esquecíamos do resto do mundo, por isso vim ao Egito”, disse ressaltando também as relações com os países do Oriente Médio.
O presidente brasileiro destacou que a relação comercial com o Egito ocupa uma posição “singular” no continente africano, com um fluxo de US$ 2,8 bilhões que é muito pequeno para o tamanho das duas economias e atividades, e que pretende ter uma “relação ganha-ganha, não de apenas uma mão só, mas de comprar e vender, vender e comprar, para que o resultado final seja uma balança equilibrada”. Essa relação, diz, deve ser ampliada com a criação de um voo direto entre o Brasil e o Egito, mas sem detalhar quando deve ocorrer.
“Propus ao presidente El-Sisi que devemos elevar as nossas relações a um nível de parceria estratégica, porque dois países que são importantes nos seus continentes [...] e tem que envolver todas as atividades possíveis”, disse Lula destacando áreas como agricultura, defesa, educação, cultura, ciência e tecnologia, além de “tentar democratizar o funcionamento da ONU”.
Ele pediu apoio ao presidente egípcio para pressionar por mudanças principalmente no Conselho de Segurança da organização, ampliando a quantidade de países-membros e acabando com o direito de veto – como o dos Estados Unidos, que vetou a resolução brasileira que estabelecia um cessar-fogo humanitário em Gaza.
Lula também afirmou no discurso que pretende discutir a dívida externa dos países africanos com as instituições financeiras multilaterais do mundo, sem detalhar quais pontos; trabalhar pelo Brics se tornar uma instituição mais relevante na busca da paz mundial e como um fórum de países emergentes; a criação de uma “unidade de valor” para transações comerciais entre os países do Brics para “contornar a dependência mundial de apenas uma moeda”, entre outros.
Ele destacou, ainda, a entrada do Egito no NDB, o chamado “Banco do Brics”, que “também representa um marco na colaboração efetiva entre as economias emergentes”.
Lula ainda disse que pretende contar com a ajuda do Egito para a organização da COP30 em Belém, em 2025, já que o país sediou a reunião de 2022 em Sharm El Sheikh em que Lula participou ainda como presidente eleito antes de tomar posse do cargo.
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