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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou empresários brasileiros por não investirem em cultura e afirmou que eles “não conquistaram inteligência suficiente” para entender que “traz retorno financeiro” e evolui a sociedade.
A crítica foi feita durante a reinauguração do Armazém da Utopia na noite desta quinta (12) no Rio de Janeiro, em que também sinalizou um descontentamento com a possibilidade do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevar a taxa básica de juros na reunião da semana que vem.
“Eu acho que, se o sistema financeiro soubesse disso [retorno do investimento em cultura], ele baixava os juros para não receber as dívidas e aplicava em cultura. Eu acho que os empresários brasileiros ainda não conquistaram a inteligência suficiente para saber que o investimento na cultura não só traz retorno financeiro, mas também político, ao provocar a evolução da sociedade”, disparou Lula.
Lula também criticou presidentes anteriores a ele que supostamente não receberam pessoas ligadas à cultura por cobrarem iniciativas do governo.
“Muitos presidentes não gostam de cultura, até podem ir a Paris ver uma peça, mas não gostam de conversar com artista, porque artista é chato ideologicamente, está sempre cobrando. A cultura é o jeito da gente contrariar o que é o pensamento dominante de uma sociedade, propondo coisas novas”, completou.
O Armazém da Utopia teve um investimento de R$ 36 milhões, sendo R$ 12 milhões do BNDES, para se transformar em um espaço para coletivos artísticos tanto do Brasil como de outros países.
Um pouco mais cedo, Lula também armou a artilharia contra o Congresso ao criticar o marco temporal de demarcação das terras indígenas. Ele classificou a tese como um “atentado aos povos indígenas” e disse que os parlamentares têm um compromisso com “grandes fazendas” e “grandes propriedades”.
“Da mesma forma que vocês, eu também sou contra a tese do marco temporal. Fiz questão de vetar esse atentado aos povos indígenas, mas o Congresso Nacional, usando uma prerrogativa respaldada por lei, derrubou o meu veto. A discussão segue na Suprema Corte Federal e minha posição não mudou”, disse Lula durante a cerimônia de retorno do Manto Sagrado Tipinambá na Biblioteca Central do Museu Nacional, no Rio de Janeiro.
Ele foi duramente criticado por lideranças indígenas durante a cerimônia, que cobraram dele uma posição mais firme pelos interesses dos povos originários do país.
“Se eu tivesse o poder que ela [Maria Yakuy] pensa que eu tenho, eu não estaria aqui comemorando o Manto. Estaria aqui comemorando a vida de milhões de indígenas que morreram nesse país escravizados pelos colonizadores europeus”, pontuou.