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Ajuda à Argentina

Governo nega pressão de Lula e diz que empréstimo à Argentina foi “ajuda” por escassez de reservas

Lula e Fernández
Lula e Alberto Fernández durante visita do presidente argentino ao Brasil. (Foto: André Borges/EFE)

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Poucas horas depois de vir à tona a informação de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria pressionado a ministra Simone Tebet, do Planejamento, a autorizar um empréstimo de US$ 1 bilhão à Argentina através do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), o governo negou a intervenção e disse que a operação foi realizada para “ajudar o país com escassez de reservas”.

A história foi revelada no começo da manhã desta quarta (4) pelo jornal O Estado de São Paulo, que apontou que a operação de ajuda à Argentina foi um “empréstimo-ponte” para conseguir recursos do Fundo Monetário Internacional (FMI) na ordem de US$ 7,5 bilhões. O país, no entanto, já havia atingido o limite de crédito no CAF, o que teria levado Lula a pressionar pela aprovação – Tebet é governadora do Brasil no banco.

Pouco depois, Simone Tebet veio a público negar que tenha sido pressionada por Lula para colocar o empréstimo para análise dos outros membros do banco. “Despachei com minha secretária encarregada, que disse que os demais países votariam a favor”, disse à CNN Brasil.

A Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom) publicou uma longa nota no site em que explica o objetivo da operação no CAF e nega interferência de Lula no procedimento (veja na íntegra). A pasta utilizou a aba “Brasil contra fake” para reproduzir o conteúdo, um diretório da página utilizado para responder materiais que considera como “fake news envolvendo o Governo Federal”.

“Diferentemente do que vem sendo repercutido, o empréstimo de 1 bilhão de dólares feito pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF) não teve intervenção do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Também ao contrário do informado, o Chefe de Estado brasileiro não conversou sobre o empréstimo com a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, governadora do Brasil na CAF”, diz o texto.

A Secom, no entanto, confirmou que a Argentina apresentou um pedido de empréstimo-ponte ao CAF, que convocou os países acionistas para analisar o pedido no mês de julho. A operação, diz, foi aprovada por 19 votos dos 21 possíveis. “O Brasil possui um voto, enquanto outros cinco países (Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela) possuem dois votos”, completa.

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De acordo com o comunicado do banco, explica a Secom, a operação foi analisada em uma reunião virtual extraordinária onde houve uma “reflexão sobre a possibilidade da América Latina e Caribe, por meio da instituição financeira, poder reagir de maneira ágil e efetiva, com espírito de urgência e espírito de solidariedade e confiança, à necessidade de um país acionista”.

A secretaria afirma que, no dia 25 de agosto, a Argentina liquidou o empréstimo feito pela CAF “cinco dias antes do previsto”.

Desde o começo do novo governo, Lula busca reforçar as relações comerciais com a Argentina, com quem o Brasil tem negócios que, apenas neste ano, já somaram US$ 20,5 bilhões, com um superávit de US$ 4,4 bilhões para o país.

O presidente argentino, Alberto Fernández, esteve em Brasília pelo menos duas vezes para pedir a ajuda de Lula para encontrar uma solução para a grave crise financeira enfrentada. A Argentina está vendo a cotação do peso derreter frente ao dólar e uma inflação acumulada que já passa dos 120%.

A ajuda à Argentina já contou inclusive com uma tentativa do ministro Fernando Haddad, da Fazenda, de influenciar nas decisões do FMI. Em meados de maio deste ano, ele se encontrou com a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, para fazer um apelo por ajuda ao país vizinho.

O governo brasileiro vê com preocupação a eleição presidencial argentina que será realizada em primeiro turno no dia 22 de outubro. O candidato libertário Javier Milei está crescendo nas pesquisas e pode ameaçar o candidato governista, Sergio Massa, de quem Lula é próximo.

Milei já expôs que pretende adotar uma série de medidas polêmicas, como dolarizar a economia do país, extinguir o Banco Central, reduzir o tamanho do estado e, a maior preocupação do Brasil, sair do Mercosul.

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