O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um balanço da viagem a Hiroshima, no Japão, onde estava para participar da Cúpula do G7. Em declaração a jornalistas feita na noite deste domingo (21), Lula disse que não se encontrou com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, porque ele se atrasou.
"Eu tinha uma entrevista bilateral marcada com a Ucrânia às 15h15. Esperamos e recebemos a informação de que eles tinham se atrasado. Enquanto isso, atendi o presidente do Vietnã. A Ucrânia não apareceu, teve outro compromisso. Foi simplesmente isso", afirmou Lula.
O convite para uma reunião com o ucraniano ocorreu depois de falas de Lula a respeito da guerra com a Rússia. Em abril, o presidente brasileiro disse que a Ucrânia também é responsável pelo conflito, e que os EUA e a Europa estavam "contribuindo" para a continuidade da guerra. Depois, baixou o tom, afirmando "condenar a violação da integridade territorial da Ucrânia".
Neste domingo (21), o presidente disse, ainda, que "ficou chateado" com o fato de o encontro não ter se concretizado. "O Zelensky é maior de idade, ele sabe o que faz", completou.
Mais cedo, o presidente ucraniano confirmou os conflitos de agenda com Lula, mas ironizou o caso. "Encontrei todos os líderes. Quase todos. Todos têm suas agendas próprias. Acho que é por isso que não pudemos encontrar o presidente do Brasil", comentou.
No sábado (20), Zelensky se encontrou com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, que é considerado mais próximo do presidente russo, Vladimir Putin, do que Lula.
Críticas ao Conselho de Segurança da ONU e a Biden
O brasileiro disse, ainda, que o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) não teve força suficiente para evitar que a guerra acontecesse. "A ONU não tem mais autoridade para manter a paz no mundo porque são os membros do Conselho de Segurança que fazem guerras", criticou.
O petista defende a entrada de mais membros no Conselho, incluindo o Brasil. Hoje, o órgão é formado por 15 países. Cinco são permanentes e têm direito a veto: China, França, Rússia, Reino Unido e EUA.
Lula afirmou que está disposto a se encontrar com Zelensky e com Putin quando ambos estiverem dispostos a discutir a paz.
"A paz só é possível se os dois quiserem. Não tenho problema nenhum de viajar à Ucrânia e à Rússia. Mas, por enquanto, pelo que ouvi do meu representante [o assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, Celso Amorim], não é possível nesse instante", afirmou.
Ainda sobre a guerra na Ucrânia, o presidente fez críticas ao presidente dos EUA, Joe Biden, dizendo que declarações dele "não ajudam". Durante o encontro do G7, o norte-americano afirmou que sanções contra a Rússia "garantiram que mantivéssemos pressão sobre Putin para responsabilizar seus apoiadores".
"Não queremos transformar Amazônia em santuário"
O presidente brasileiro também fez comentários sobre a questão ambiental. Lula disse que o país tem "autoridade moral e política" para discutir a questão do clima com o restante do mundo, e que o Brasil se compromete a reduzir o desmatamento da Amazônia a zero até 2030.
"Não queremos transformar Amazônia em um santuário da humanidade. Queremos entender que na Amazônia moram 28 milhões de pessoas e que essas pessoas têm o direito de viver, trabalhar e comer, ter acesso a bens materiais que todos queremos ter. E por isso nós precisamos explorar, não desmatando, explorar a riqueza da biodiversidade da Amazônia para saber se a gente pode desenvolver indústrias de fármacos e cosméticos para gerar empregos limpos", completou.
Ainda de acordo Lula, os indígenas poderão ser os "grandes guardiões" da floresta. "Quem quiser cortar árvore para fazer móveis, plante uma floresta e corte o quanto quiser. Mas a floresta amazônica não é de ninguém, ela é do povo e ela é do planeta, embora seja território soberano do nosso país", concluiu.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF