Presidente Lula e o presidente da Câmara, Arthur Lira| Foto: Ricardo Stuckert/Palácio do Planalto
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Além de ampliar a liberação de emendas parlamentares e de cargos de segundo e terceiro escalão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sinalizou aos seus aliados que ele próprio vai se envolver na articulação política do governo a partir de agora. Em outra frente, os governistas admitem que já existe uma discussão dentro do Planalto sobre a possibilidade de uma reforma ministerial para abrir espaço para acomodar o PP e o Republicanos.

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O movimento estratégico ocorre depois que o governo ficou no limite de sofrer uma derrota histórica na votação da medida provisória que tratava da reestruturação da Esplanada dos Ministérios. A MP perderia a validade ainda nesta quinta-feira (1º), caso não fosse aprovada pelos plenários da Câmara e do Senado.

No caso dos deputados, o texto só foi analisado depois que Lula negociou por telefone um acordo com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Após a conversa, o petista determinou que os ministérios das Relações Institucionais e da Casa Civil acelerassem as liberações de emendas e das nomeações de aliados em cargos de segundo e terceiro escalão do Executivo.

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A principal queixa de Lira ao presidente se deu em relação à estratégia dos articuladores do Planalto de negociarem de forma individual com parlamentares de diversos partidos. O movimento irritou os líderes partidários, responsáveis pelas orientações dos partidos durante as votações do Congresso Nacional. A chamada "negociação por varejo" foi apontada por Lira como um "desrespeito" por parte dos aliados de Lula.

União Brasil pode perder espaço para o PP e o Republicanos

Apesar do sufoco e das críticas por causa da articulação política, integrantes do governo admitem que Lula não pretende trocar os ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Rui Costa (Casa Civil). Contudo, mudanças em outras pastas comandadas por outros partidos não estão descartadas pelo petista.

O principal alvo pode ser o União Brasil, que conta com três ministérios, mas não tem entregado a totalidade dos votos da bancada de 59 deputados para o governo. Além de uma conversa com Lira, Lula também conversou com o líder do União Brasil, deputado Elmar Nascimento (BA), antes da votação da MP da Esplanada.

Atualmente o partido ocupa as pastas do Turismo, com Daniela Carneiro, das Comunicações, com Juscelino Filho, e da Integração Nacional, com Waldez Góes. Esses dois últimos, no entanto, foram indicações do senador Davi Alcolumbre (AP). De acordo com integrantes do Planalto, Lula estaria disposto a negociar um nome com a cúpula do partido, presidido pelo deputado Luciano Bivar (PE).

Na conversa com Nascimento, Lula admitiu que houve um equívoco no modo como os ministérios do partido foram montados. A principal crítica da bancada do União é de que os ministros não representam os deputados.

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A legenda, no entanto, pode perder espaço para que o governo possa abrigar outros dois partidos, como o Republicanos e o PP, de Arthur Lira. A expectativa é de que as sondagens aos líderes dessas legendas ocorram já nas próximas semanas e que Lula participe das conversas.

Lula fez liberação recorde de emendas antes da votação da MP pelo Congresso 

Para conseguir votar a MP da Esplanada no plenário da Câmara, Lula fez uma liberação de R$ 1,74 bilhão em emendas parlamentares. O montante é o maior já liberado em um único dia pelo Palácio do Planalto desde o início do governo petista. O texto foi aprovado por 337 votos dos deputados.

O valor foi empenhado ainda na terça-feira (30), data em que o governo tinha expectativa de que o texto fosse votado. Sem acordo, no entanto, Lira acabou postergando a votação. Com a nova liberação, o governo já empenhou R$ 4,9 bilhões em emendas parlamentares desde o início do ano.

Integrantes do governo admitem ainda que a promessa de Lula aos congressistas é de dar ainda mais ritmo a essas autorizações para emendas parlamentares. Essas verbas fazem parte das chamadas emendas individuais. Ou seja, aquelas que todo deputado ou senador tem direito e que são de execução obrigatória por parte do Executivo.

Segundo Lira, “daqui para frente, o governo tem que andar com suas próprias pernas e não haverá nenhum tipo de sacrifício dos parlamentares”, avisou. O presidente da Câmara explicou que os partidos independentes e de centro deram mais uma oportunidade ao governo.

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“O governo sabe e tem consciência que a acomodação política não está feita, não tem base consolidada, o líder [do governo] José Guimarães tem consciência disso, e convencemos nossos deputados que é importante que o governo tenha sua gestão, muito embora muitos queriam demonstrar ao governo, para que participe mais da vida ativa do País”, afirmou Lira.

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Governo estuda reunião quinzenal com líderes partidários para azeitar relação com o Congresso 

Em uma nova estratégia do governo, aliados de Lula defendem que o presidente faça a cada 15 dias uma reunião com todos os líderes partidários da Câmara e do Senado. O modelo seria uma forma de o próprio presidente ouvir as demandas e se aproximar dos parlamentares das duas Casas.

Além da cobrança por maior participação na articulação política, também chegou a Lula a reclamação de que, ainda que esteja desempenhando "um bom papel como chefe de Estado", ele estaria deixando a desejar no papel como chefe de governo. Para os líderes partidários, o petista optou por fazer diversas agendas internacionais enquanto a pauta junto ao Legislativo foi deixada de lado pelo petista.

Na última sexta-feira (26), por exemplo, Lula fez um churrasco no Alvorada com a presença de diversos ministros do governo, do Supremo Tribunal Federal (STF) e líderes do Congresso Nacional. Fontes do governo admitem, por exemplo, que entre os assuntos discutidos na confraternização esteve a indicação do advogado de Lula, Cristiano Zanin, para uma vaga de ministro do STF.

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Os governistas avaliam que Lula precisa adotar esse modelo para se aproximar dos deputados e senadores. As confraternizações na residência oficial da Presidência eram rotineiras nos outros mandatos do petista.

"Lula deveria assumir o comando da articulação política. Tem que ter negociação por parte do governo, mas falta boa vontade do Legislativo", pontuou o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ). 

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