O presidente Luís Inácio Lula da Silva se vacinou contra a dengue no dia 5 de fevereiro, em uma instituição da rede privada de saúde, sem comunicar ao público, segundo informações obtidas pelo jornal Folha de S.Paulo por meio da lei de acesso à informação. A vacinação ocorreu quatro dias antes do início da vacinação pública contra a dengue oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com analistas ouvidos pela Gazeta do Povo, Lula errou ao ocultar sua vacinação.
Ele poderia ter se vacinado e usado o fato para divulgar que a vacina estava disponível na rede privada - pois na rede pública a prioridade eram as crianças e adolescentes. Até o momento, há 4,3 milhões de casos confirmados de dengue no Brasil e 1,72 milhão que ainda segue sob análise. Ao todo, já foram comprovadas 4019 mortes por dengue, sendo que 2.837 óbitos seguem em investigação.
O sociólogo e consultor independente Antônio Flávio Testa avalia que Lula deixou de passar uma mensagem positiva, pois deu o exemplo de que cuida de si e dos seus em primeiro lugar e que, portanto, o povo ficaria em segundo plano. Nessa situação, como em tantas outras, o consultor disse que Lula deixou de dar o exemplo de homem público, que privilegia o bem-estar da população antes mesmo do seu.
A campanha de vacinação da dengue do Ministério da Saúde tem sido amplamente criticada pela escassez de vacinas. Tanto que, neste ano, o SUS precisou priorizar a imunização de crianças e adolescentes, entre 10 e 14 anos, faixa etária que concentra o segundo maior número de hospitalizações pela doença. O primeiro é o de pessoas idosas, no qual Lula, que tem 78 anos, se encontra. Mas de acordo com o site do Ministério da Saúde, a vacina disponibilizada pelo SUS não foi liberada pela Anvisa para os idosos pois não teria sido testada de forma suficiente para essa faixa etária.
No entanto, de acordo com as datas fornecidas pela Presidência da República à Folha de S.Paulo, a imunização do presidente pode ter sido feita com a mesma vacina disponibilizada pelo SUS, a Qdenga, da farmacêutica Takeda, que é aplicada em duas doses. No Brasil, está também liberada para a rede privada de saúde a Dengvaxia, da Sanofi. Ela é aplicada em três doses, mas somente é indicada para pessoas de 6 a 45 anos que já tiveram dengue.
O cientista político e professor da Faculdade Republicana Valdir Pucci avalia que o erro de Lula foi não ter falado abertamente à população que as vacinas de dengue já estavam disponíveis na rede privada de saúde e que aquelas pessoas que quisessem se vacinar como ele, já poderiam fazê-lo. Na visão do professor, o presidente ainda deveria ter afirmado que o SUS só disponibilizaria a imunização para jovens e crianças em um primeiro momento, até que se regularizasse o fornecimento das vacinas para toda a população.
“É claro que essa situação vai ficar ruim para o presidente. Porque ele vai ter que dizer por que que não comunicou à população que já estava tomando a vacina em âmbito privado”, afirmou Pucci.
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