O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) determinou que o ministro Silvio Almeida, dos Direitos Humanos e Cidadania, entre em campo para tentar melhorar a articulação e a aprovação do governo entre os evangélicos. Os adeptos da denominação religiosa ainda o avaliam negativamente segundo pesquisas de popularidade.
O mais recente levantamento, do Datafolha divulgado na última terça (19), aponta que 44% dos evangélicos consideram o governo como ruim ou péssimo, enquanto que 22% avaliam como bom ou ótimo. Ele enfrenta, ainda, o passado do governo de Jair Bolsonaro (PL), que foi fortemente apoiado pelos seguidores dessa denominação religiosa.
O primeiro movimento de Almeida será na noite desta sexta (21) em que fará uma palestra no encontro “Conversas Pastorais” na Igreja Batista da Água Branca, em São Paulo. O ministro discutirá os direitos humanos e a ação das igrejas evangélicas nos territórios.
“A expectativa é de que Silvio Almeida aprofunde a interlocução com as lideranças, reforçando o compromisso do governo federal com o fortalecimento de políticas públicas voltadas para o respeito à liberdade religiosa e à diversidade de crenças; e o enfrentamento ao discurso de ódio no país”, disse o ministério em nota.
Fontes afirmam que este primeiro movimento será seguido de visitas a outros templos evangélicos para melhorar a articulação do governo com os líderes religiosos. O objetivo é tentar construir pontes se colocando à disposição para ouvir e entender as demandas do grupo com Lula.
Além de Silvio Almeida, o secretário-geral da presidência da República, Márcio Macêdo, também está atuando na articulação do governo com os evangélicos. Ele disse que está dialogando com organizações católicas e com evangélicos e tem recebido líderes destas denominações.
“Recebo pastores e padres, e [Alexandre] Padilha [ministro das Relações Institucionais] tem dialogado com a bancada evangélica. [Jorge] Messias [advogado-geral da União] tem conversado com lideranças”, afirmou ao jornal O Globo citando os outros integrantes do time montado pelo presidente para melhorar a articulação.
Além da dificuldade de engrenar uma avaliação mais positiva entre os evangélicos, o governo de Lula vem enfrentando polêmicas com a bancada da religião no Congresso, fortemente oposicionista. As discussões sobre o PL antiaborto nas últimas semanas fizeram o presidente vir a público se colocar contra o procedimento, mas afirmar que é preciso avançar no diálogo.
E também nesta semana sobre o avanço do projeto de lei que libera os cassinos e bingos no Brasil, em que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou por 14 votos a 12. A bancada evangélica foi majoritariamente contra e, após um acordo, foi determinado que a proposta será analisada em mais uma comissão temática e na de Assuntos Econômicos antes de ser levada ao plenário.
O adiamento do encaminhamento do projeto ao plenário foi definido nesta quinta (20) após uma reunião de líderes com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Há a possibilidade, ainda, que uma audiência pública seja realizada sobre o tema.
A expectativa é de que a votação fique apenas para o segundo semestre, já que o Congresso deve focar os esforços, nas próximas semanas até o início do recesso parlamentar em julho, nos projetos de regulamentação da reforma tributária.
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