O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, na manhã desta segunda (17), que o avanço da guerra no Leste europeu afeta não somente a economia europeia, mas de todo o mundo principalmente dos latino-americanos que carecem de investimentos estrangeiros.
As declarações foram dadas durante a abertura do Fórum Empresarial União Europeia – América Latina, em Bruxelas, capital da Bélgica. Lula chegou ao país neste domingo (16) para participar da cúpula que reúne países-membros da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia (UE), que vai até terça (18).
O Brasil havia deixado a Celac durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e retornou ao grupo neste ano.
Durante o discurso de abertura, Lula agradeceu o convite para participar do Fórum e reforçou a necessidade de se concretizar o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia e cobrou da Europa um avanço nas negociações de paz para dar fim à guerra entre Rússia e Ucrânia.
“A guerra no coração da Europa lança sobre o mundo o manto da incerteza e canaliza para fins bélicos recursos até então essenciais para a economia e programas sociais. A corrida armamentista dificulta ainda mais o enfrentamento da mudança do clima. Frente a todos esses desafios, cabe aos governantes, empresários e trabalhadores reconstituir o caminho da prosperidade, da retomada da produção, dos investimentos e dos empregos”, disse o presidente.
Lula relacionou a crise econômica gerada pela guerra à necessidade de investimentos europeus em países da América Latina que, diz, tem “enormes oportunidades” e desempenham um “papel estratégico para a Europa e o mundo”.
“Porque somos uma região com enormes oportunidades de investimento e de ampliação do consumo. Somos países que demandam investimentos em infraestrutura logística diversificada, infraestrutura social e urbana. Somos sociedades em processo de forte mobilidade social nas quais se constituem novos e dinâmicos mercados internos, integrados por centenas de milhões de consumidores”, completou.
Pouco depois, o presidente brasileiro voltou a cobrar uma solução dos europeus para concretizar o acordo comercial que já se arrasta há anos e que, mais recentemente, tem sido alvo de restrições por parte de alguns países – em especial da França, que pressiona por sanções em questões agrárias.
Outra restrição ao acordo é o de limitar as compras governamentais de produtos nacionais e abrir o mercado a parceiros do acordo, o que Lula criticou no discurso.
“As compras governamentais são um instrumento vital para articular investimentos em infraestrutura e sustentar nossa política industrial. Estados Unidos e União Europeia saíram na frente e já adotam políticas industriais ambiciosas baseadas em compras públicas e conteúdo nacional”, disse.
Ainda durante o discurso na abertura do Fórum, Lula citou questões ambientais e energéticas do Brasil; o novo pacote de investimentos que será feito através do PAC 3, a ser lançado ainda neste mês; a aprovação da reforma tributária na Câmara e a queda da inflação, entre outros pontos.
“Precisamos enviar ao mundo um sinal de que duas regiões da importância estratégica da Europa e da América Latina e Caribe estão comprometidas com uma agenda promissora. [...]O Brasil está fazendo a sua parte com uma estratégia de longo prazo, focada na credibilidade, na previsibilidade e estabilidade jurídica, estabilidade política, estabilidade econômica e com estabilidade social. Somente assim é que a gente vai poder desenvolver definitivamente os nossos países”, concluiu.
Avanço do acordo com a UE
Um pouco antes da abertura do Fórum, Lula teve uma reunião com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em que reforçou a necessidade de aprofundar a discussão de questões como transição energética e que o Brasil tem uma “forte tendência em energia renovável”.
“O Brasil vai cumprir com sua parte. É compromisso assumido, compromisso de fé. Queremos discutir com o mundo a preservação da floresta”, disse para a chanceler.
Já Ursula concordou e afirmou que os europeus querem “discutir como conectar mais nossos povos e nossas empresas”.
“Tudo isso é possível se concluirmos acordo com o Mercosul. Queremos ser parceiros e que possamos chegar a um acordo que beneficie a todos. A UE quer investir na América Latina e no Caribe, criar bons empregos. Queremos discutir como alcançar resultados”, afirmou.
Ainda nesta segunda (17), Lula tem uma agenda cheia de compromissos em Bruxelas, como um encontro com o rei Filipe I e com o primeiro-ministro Alexander de Croo, da Bélgica; uma reunião com a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola; e a participação na abertura da III Cúpula Celac-UE.
Moraes eleva confusão de papéis ao ápice em investigação sobre suposto golpe
Indiciamento de Bolsonaro é novo teste para a democracia
Países da Europa estão se preparando para lidar com eventual avanço de Putin sobre o continente
Em rota contra Musk, Lula amplia laços com a China e fecha acordo com concorrente da Starlink
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF