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Segundo discurso

Com faixa no peito, Lula prega união e reconciliação, mas faz críticas ao governo Bolsonaro

Lula discurso posse
Presidente Lula falou a apoiadores do Parlatório do Palácio do Planalto (Foto: André Borges/EFE)

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O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), fez seu segundo discurso neste domingo (1º) como ocupante da cadeira presidencial – o primeiro havia sido pouco antes no Congresso Nacional, após ser empossado junto com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). A segunda fala de Lula ocorreu no Parlatório do Palácio do Planalto, onde milhares de militantes acompanharam o novo presidente subir a rampa e receber a faixa presidencial.

Como o agora ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) optou por não fazer a entrega da faixa presidencial a Lula, o rito foi feito fora do protocolo tradicional. Um grupo de pessoas de setores representativos da sociedade, considerados “minorias”, ficou encarregado de levar a faixa até o novo presidente. O grupo também subiu a rampa ao lado de Lula.

Apesar de um pouco menos incisivo, de forma semelhante ao discurso no Congresso, Lula focou em críticas ao governo Bolsonaro ao discursar para o público concentrado na Praça dos Três Poderes. Era esperada uma mensagem mais conciliatória para dar o pontapé inicial ao novo governo, mas Lula insistiu em um discurso do “nós contra eles” e investiu em ataques variados ao governo do antecessor.

Em vários momentos o novo presidente mencionou a importância da união do país, sempre seguido de críticas. Lula acusou apoiadores do governo anterior de ódio, violência e fake news, disse que durante a pandemia da Covi-19 a sociedade enfrentou, além do vírus, um governo “irresponsável” e “desumano” e chegou a dizer que nos últimos quatro anos houve a “construção de um genocídio”.

Na fala de aproximadamente 30 minutos, ele também citou futuras prioridades do seu governo, em especial na redução da desigualdade social, e em exaltar feitos de seus mandatos anteriores.

Lula diz que governará para todos e não só para quem votou nele

O presidente recém-empossado iniciou discurso agradecendo as pessoas que estiveram presentes na vigília “Lula Livre”, em frente à Polícia Federal (PF), em Curitiba, onde ficou preso durante 580 dias após ter sido condenado em segunda instância acusado de corrupção. Lula também agradeceu aos apoiadores de sua campanha.

Ele afirmou que governará para todos independentemente de visões políticas diferentes. “Vou governar para 215 milhões de brasileiros e brasileiras, e não apenas para quem votou em mim. Vou governar para todos olhando para o nosso luminoso futuro em comum e não pelo retrovisor de um passado de divisão e intolerância. A ninguém interessa um país em permanente pé-de-guerra. É hora de relatar os laços com amigos e familiares rompidos pelo discurso de ódio e pela disseminação de tantas mentiras. A disputa eleitoral acabou”, disse.

Lula afirmou também que desde sua primeira gestão, o Brasil “andou para trás” e que muito do que fez em relação à desigualdade social e pobreza foi desfeito de forma “irresponsável” e “criminosa" pelo governo Bolsonaro. Ele se emocionou ao falar sobre a fome no país.

O novo presidente afirmou que se comprometeria a combater todas as formas de desigualdade no país – de renda, gênero, raça, representação política, carreiras no Estado, acesso à saúde e educação, entre outras. “É inaceitável que continuemos a conviver com o preconceito, a discriminação e o racismo. Somos um povo de muitas cores, e todas devem ter os mesmos direitos e oportunidades. Ninguém será cidadão de segunda classe, ninguém terá mais ou menos amparo social, ninguém será obrigado a aceitar mais ou menos obstáculos apenas pela cor da sua pele”, disse ao anunciar a criação do Ministério da Igualdade Racial. Em seguida falou sobre outros ministérios a serem criados em seu governo, como a pasta dos Povos Indígenas e das Mulheres.

Ao mencionar feitos de seus dois mandatos anteriores, declarou que o que o Partido dos Trabalhadores fez em 13 anos “foi destruído em menos da metade desse tempo”. Ao justificar a declaração, mencionou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o qual chamou de “golpe”, e o mandato de Bolsonaro.

Novas falas sobre união e mais críticas a adversários

Ao comentar os trabalhos do gabinete de transição, cujos integrantes fizeram relatórios sobre a situação do governo Bolsonaro, Lula disse que nos últimos quatro anos “o povo brasileiro sofreu lenta e progressiva construção de um verdadeiro genocídio”.

Ele também acusou o governo de ter feito “desmontes” em políticas públicas em áreas como igualdade racial, juventude, direitos indígenas, saúde e educação. Nesse momento, o público participante passou a gritar um coro de “sem anistia”, em referência a uma aventada culpabilização de Bolsonaro por supostos crimes contra a população praticados durante a pandemia.

Lula chegou a classificar o mandato de Bolsonaro como “um dos piores períodos da história, uma era de sombras e incertezas e sofrimento”. Em seguida, passou a falar sobre resolução de diferenças e união em prol do Brasil.

O presidente aproveitou para falar sobre prioridades de investimento em seu mandato, como geração de empregos, redução dos preços de alimentos, criação de vagas em universidades, investimento em saúde, educação, ciência e cultura para em seguida emendar novas falas de reconciliação.

“Não é hora para ressentimentos estéreis. Agora é hora de o Brasil olhar para a frente e voltar a sorrir. Nosso desafio comum é a criação de um país justo, inclusivo, sustentável e criativo, democrático e soberano para todos os brasileiros e brasileiras”.

Lula encerrou a mensagem retomando o embate com opositores. “Que estejamos sempre prontos a reagir, em paz e em ordem, a quaisquer ataques de extremistas que queiram sabotar e destruir a nossa democracia. Na luta pelo bem do Brasil, usaremos as armas que nossos adversários mais temem: a verdade, que se sobrepôs à mentira; a esperança, que venceu o medo; e o amor, que derrotou o ódio”.

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