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Turnê por 4 países

Contraponto a Bolsonaro, reuniões e homenagem: o que Lula vai fazer na Europa

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Lula cumprimenta o ex-parlamentar alemão Martin Schulz, do Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD), que prestou apoio quando o petista estava preso, em Curitiba. (Foto: Reprodução/Twitter)

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarca para a Europa nesta quinta-feira (11) para uma viagem de ao menos dez dias. Ele buscará mostrar prestígio internacional, fazer um contraponto ao presidente Jair Bolsonaro e estreitar relações com a esquerda europeia. O petista está de olho na possibilidade de retornar ao poder nas eleições de 2022, caso seja candidato à Presidência da República.

Aliados de Lula negam que a viagem tenha caráter de campanha, mas as eleições brasileiras provavelmente estarão presentes nas conversas. Segundo o Instituto Lula, o ex-presidente deverá “lembrar o papel que o Brasil já desempenhou no cenário internacional e como é possível recuperar a imagem do país”.

Nesta turnê internacional, Lula passará por Alemanha, Bélgica, Espanha e França. Lideranças petistas, como o ex-ministro de Relações Exteriores Celso Amorim e o senador Humberto Costa (PT-PE), o acompanharão em algumas agendas.

Lula visitará aliados na Alemanha e na França

Na Alemanha, o petista se encontrará com o ex-parlamentar federal Martin Schulz, do Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD), legenda que venceu as eleições mais recentes no país e se articula para nomear o novo chefe de governo do país. A informação é do colunista do UOL Jamil Chade e foi confirmada pela Gazeta do Povo.

O ex-presidente tem uma relação antiga com o partido alemão e Schulz chegou a vir ao Brasil em 2018 para visitá-lo na prisão. Em março de 2020, poucos meses após ser solto, Lula foi à sede do SPD em Berlim para retribuir a visita, tendo se encontrado naquela ocasião com o presidente da legenda, Norbert Walter-Borjans. Um ano depois, quando Lula teve os direitos políticos restaurados por causa da anulação de processos pelo STF, Schulz celebrou e disse que apoiaria sua candidatura à Presidência do Brasil em 2022.

Em sua passagem por Bruxelas, na Bélgica, Lula deverá se encontrar com um grupo de parlamentares europeus de esquerda e centro-esquerda. A Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas é o segundo maior bloco do Parlamento Europeu e, em 2019, comemorou a soltura do ex-presidente em suas redes sociais, afirmando que “seus esforços para diminuir a pobreza, erradicar a desigualdade e lutar pelos trabalhadores foram um farol de esperança para o Brasil, a América do Sul e o mundo. Esse é o tipo de política que o Brasil precisa, não a destruição de Bolsonaro”.

Na França, Lula deverá fazer uma visita à prefeita de Paris, Anne Hidalgo, que recentemente lançou sua candidatura à presidência da França pelo Partido Socialista — as eleições estão marcadas para abril do ano que vem.

O brasileiro e a francesa também são próximos. Em 2020, quando Lula esteve na Europa, Hidalgo entregou a ele o título de Cidadão Honorário de Paris e, assim como Schulz, comemorou quando as sentenças contra o ex-presidente foram anuladas. “Foi feita justiça para o Lula”, disse a prefeita de Paris em suas redes sociais.

Ainda na França, o petista receberá o Prêmio Coragem Política 2021, concedido pela revista Politique Internationale, pela sua “tenacidade exemplar”, "diante das perseguições políticas e judiciais". A publicação afirmou ainda que Lula “volta a encarnar a esperança aos olhos de uma grande maioria dos seus compatriotas, decepcionados com a gestão de Bolsonaro”.

A última parada será a Espanha. Sabe-se apenas que Lula se encontrará com lideranças do Partido Socialista Operário Espanhol (Psoe), que governa o país. A assessoria de imprensa do ex-presidente não quis revelar detalhes sobre a agenda dele na Europa, mas confirmou as informações apresentadas nesta reportagem.

Um aliado próximo a Lula disse à Gazeta do Povo que nos encontros e palestras em solo europeu, o ex-presidente deve falar de democracia, pandemia, desigualdade e meio ambiente, temas que, segundo ele, precisam ser tratados com cooperação internacional. Lula deverá “mostrar que há um Brasil que quer se inserir no mundo, preservando ao mesmo tempo os interesses nacionais, que há um Brasil interessado na integração da América Latina”, destacou.

O contraponto a Bolsonaro e os contatos

Se apresentando como estadista respeitado no exterior, Lula buscará fazer um contraponto à participação do presidente Jair Bolsonaro, criticado por ter tido poucas reuniões bilaterais durante a Cúpula do G20, na Itália, e por não ter participado da COP26, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2021, na Escócia, que também reuniu vários líderes mundiais.

“É triste ver as imagens do presidente Bolsonaro catatônico no G20. Nos meus quase 60 anos na diplomacia, nunca vi nada parecido, nem de longe, com o isolamento de Bolsonaro na reunião de Roma”, avaliou o ex-ministro das Relações Exteriores do governo Lula Celso Amorim, em entrevista recente ao site Poder 360. “O Brasil perde de diferentes formas com isso. Está sendo enterrado mundialmente”, disse.

O senador Paulo Rocha (PT-PA) fez uma avaliação semelhante, afirmando também que, em um contexto em que vários governos estão adotando uma postura mais progressista em relação a gastos sociais, o ex-presidente poderia servir de exemplo. “Alguns dos principais países do mundo estão querendo buscar saídas [para o pós-pandemia] e o período do Lula [na presidência] foi exemplar para o mundo em redução da miséria, geração do emprego”, disse, citando como exemplo o governo americano do democrata Joe Biden, que “quer taxar os ricos”.

Rocha evitou falar em campanha e pré-candidatura para as eleições de 2022, mas disse acreditar que o reconhecimento internacional “fortalece a liderança” de Lula no Brasil e o “credencia” para, por meio de um programa de governo, “solucionar os problemas que o atual governo deixou para o país”.

De acordo com o senador Humberto Costa, que acompanhará Lula em Bruxelas, a viagem também servirá para pavimentar o caminho das relações entre políticos europeus e o petista, caso o ex-presidente seja candidato e vença as eleições do ano que vem.

“Além de agradecer o apoio que recebeu, [a viagem] é uma maneira de fazer contatos, falar da situação do Brasil nesse momento, mostrar que o Brasil não é Bolsonaro”, afirmou.

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