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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou na manhã deste domingo que os agentes da polícia penal podem ter sido coniventes com os presos que fugiram da penitenciária federal de segurança máxima de Mossoró, no Rio Grande do Norte.
“Queremos saber obviamente como esses cidadãos cavaram um buraco e ninguém viu. Só faltou contratarem uma escavadeira. Eu não quero acusar, mas, teoricamente, parece que teve conivência com alguém do sistema lá dentro", afirmou o presidente.
No sábado (17), a Federação Nacional dos Policiais Penais Federais (Fenasppen) negou que tenha havido qualquer interferência ou "apoio externo" na fuga, os dois detentos são faccionados do Comando Vermelho e levantou-se suspeitas de que a organização criminosa estivesse envolvida na fuga. A Federação ainda afirmou que, caso seja comprovada a participação de agentes na fuga, será "necessário cortar a própria carne sem o menor corporativismo".
Ao ser questionado sobre a fuga em Mossoró, a primeira de um presídio federal desde que o sistema começou a funcionar, em 2006, Lula demonstrou pouca paciência, pois afirmou que a prioridade na entrevista eram os assuntos relacionados à sua viagem internacional à África. O presidente está em Adis Abeba, capital da Etiópia, em viagem oficial de cinco dias ao continente africano.
O mandatário ainda mencionou que a primeira sindicância para apurar as circunstâncias já havia sido instaurada pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. O titular da pasta viajará para Mossoró a fim de acompanhar as buscas presencialmente. O secretário Nacional de Políticas Penais (Senappen) André Garcia, já se deslocou para o município.
Lula também disse que que é preciso saber de quem foi a omissão, que permitiu a fuga, já que pode ter havido relaxamento. "Sou obrigado a acreditar que uma investigação, que está sendo feita pela polícia local e a Polícia Federal nos indique amanhã ou depois de amanhã o que aconteceu no presídio de Mossoró. É a primeira vez que foge alguém desses presídios. Isso significa que pode ter havido relaxamento e precisamos saber de quem", afirmou.
Na madrugada da quarta-feira (14), Deibson Cabral do Nascimento e Rogério da Silva fugiram da penitenciária federal de segurança máxima em Mossoró. Os detentos tiveram acesso a ferramentas usadas em uma obra de reforma do presídio e as usaram para romper luminárias e fazer um buraco na cela e escapar para um túnel de serviço. Depois, ultrapassaram um tapume de metal e usaram um alicate para cortar cercas e fugir para a mata.
Segundo Lewandowski, em entrevista coletiva à imprensa sobre o caso, os agentes penitenciários não perceberam a movimentação entre outros fatores porque, era Carnaval, de terça-feira (13) para quarta-feira (14) "onde, eventualmente, as pessoas estavam mais relaxadas, como costuma ocorrer".