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"Agente política"

Lula dá carta branca para Janja se reunir com alto escalão do governo: “uma agente política”

Lula e Janja
Presidente diz que Janja não pode ser uma "primeira-dama tradicional" e que ela pode fazer o que quiser no governo. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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A primeira-dama Rosângela Lula da Silva, conhecida como Janja, ganhou carta branca do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para atuar dentro do governo mesmo sem ter um cargo específico na hierarquia da presidência da República. A socióloga costuma registrar nas redes sociais as reuniões que participa, principalmente com membros do alto escalão, como ministros de Estado e representantes de empresas públicas.

Na semana passada, dias depois de ter a conta no X restabelecida após uma invasão hacker, Janja registrou uma reunião que teve com representantes do Ministério da Cultura e da Petrobras para falar de projetos culturais e sociais. Também postou a participação na instalação da Comissão Nacional dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (CNODS), com a participação de outros ministros do governo.

Janja também participou de um jantar com embaixadoras de 19 países e as ministras Anielle Franco (Igualdade Racial), Aparecida Gonçalves (Mulheres) e Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação).

A participação ativa no dia a dia do governo não é de agora, e chama a atenção desde o início do terceiro governo de Lula. Em meados de setembro, ela assumiu a agenda presidencial no lugar do vice-presidente Geraldo Alckmin durante uma visita ao Rio Grande do Sul por conta das enchentes que atingiram várias cidades do estado – ela chegou a ser chamada de “Michelle” em referência à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro durante um protesto.

Antes disso, ainda, ela influenciou a decisão de Lula de barrar uma das medidas do ministro Fernando Haddad, da Fazenda, de taxar as compras on-line internacionais até US$ 50, que chegou a ser anunciada pelo petista e que precisou voltar atrás após a péssima repercussão nas redes sociais.

Poucas vezes durante o ano Lula falou sobre a participação ativa de Janja no dia a dia da agenda política do país, até a semana passada. Na última live “Conversa com o Presidente”, no dia 19, o presidente deixou claro que Janja “não pode ser uma primeira-dama tradicional”, que apenas acompanha o marido.

De acordo com ele, Janja é uma “agente política” desde quando ainda estava na prisão em Curitiba, e que ela pode fazer o que quiser no governo.

“Ela era uma agente política antes de eu a conhecer, continua sendo, por isso que eu falo que ‘você faça o que você quiser’, cada um de nós sabe as nossas tarefas, nossas missões. Ela não precisa de cargo para ser importante, para fazer o trabalho que ela quiser fazer, se quiser visitar alguém, um estado”, disse Lula.

O presidente ainda ressaltou que a primeira-dama tem uma grande compreensão sobre a governança que ele faz do país, que às vezes “ela critica e fica aborrecida”, mas que o auxilia em decisões.

Lula afirmou, ainda, que estabeleceu com Janja uma “política de convivência que pode ser duradoura” se ambos souberem lidar com isso – o que inclui não levar problemas para casa, segundo ele. No entanto, o presidente reconhece que a primeira-dama é muito ligada nas redes sociais – foi ela quem deu o alerta de que a taxação das compras até US$ 50 não pegou bem no eleitorado.

Logo após ter a conta no X restabelecida, Janja postou um “textão” em que comentou o sentimento que teve ao ver as mensagens publicadas pelo hacker e que chegou a pensar em desistir de continuar atuando na rede social. No entanto, por conta da participação ativa que tem na política, decidiu que iria continuar mesmo com as críticas recebidas.

“Pensei muito sobre voltar ou não para essa rede social, não apenas por causa das agressões que aconteceram em meu perfil, mas principalmente por toda a demora dos administradores da rede X em agir, congelando meu perfil para que as agressões parassem de ser postadas e pudessem ser silenciadas”, disse.

Ainda no “textão” de volta à rede, Janja reafirmou o compromisso de permanecer atuante nas redes sociais como uma forma de “continuar lutando para que todas as  mulheres possam viver suas vidas livres de violência. Seguimos juntas”.

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