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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu neste final de semana com lideranças do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e sinalizou que cumprirá pedidos feitos pelo grupo. O encontro ocorreu na manhã de sábado (17) na Granja do Torto, a segunda residência oficial da Presidência da República em Brasília.
Lula não divulgou registros do encontro nas redes sociais, mas se deixou posar em uma foto com uma bandeira do MST, que publicou o teor do encontro. O petista e o movimento são aliados históricos, embora venha sendo constantemente cobrado para agilizar as políticas de reforma agrária.
Segundo o MST, Lula se mostrou satisfeito com o encontro com os líderes do movimento e “demonstrou preocupação com as questões apresentadas pelo Movimento e sinalizou comprometimento em resolvê-las”. O encontro foi registrado na agenda oficial do presidente.
O MST informou que este foi o primeiro encontro com o presidente neste terceiro mandato. O movimento já havia se reunido com Lula em abril também na Granja, mas em um evento que teve a participação de outras entidades sociais, como centrais sindicais – CUT e Contag – e a Federação Única dos Petroleiros (FUP).
Durante a reunião, os líderes do MST relataram a Lula a preocupação com o aumento da violência no campo, como confrontos entre sem-terra e produtores, além da situação de 65 mil famílias acampadas que aguardam a posse de terra e “e das quase 500 mil famílias assentadas, que enfrentam diversas dificuldades para avançar na produção de alimentos”.
“Para isto, apresentou um Plano Agrário que permita o avanço da Reforma Agrária Popular, com políticas ligadas ao assentamento das famílias acampadas, massificação da agroecologia, acesso a crédito para produção de alimentos saudáveis, combate à violência no campo e recuperação ambiental. Também apontou a necessidade de fortalecimento e reestruturação de órgãos ligados à Reforma Agrária, como Incra e Conab”, disse o grupo em nota.
Os líderes do movimento também relataram preocupação com nove assentamentos da reforma agrária e cooperativas atingidos pelas enchentes do Rio Grande do Sul em maio, e que mais de dois mil hectares de arroz foram perdidos.
A relação de Lula com o MST vive altos e baixos desde que o petista voltou à presidência, no ano passado. Mais recentemente, o líder nacional do movimento, João Pedro Stedile, criticou o governo por “se meter” em assuntos relativos à soberania de outros países – neste caso, por cobrar da Venezuela a divulgação das atas de votação que supostamente reelegeram o ditador Nicolás Maduro.
A crítica de Stédile foi feita em referência à decisão do presidente do México, Manuel López Obrador, de suspender as conversas com o Brasil e a Colômbia sobre a crise na Venezuela. Os três países chegaram a escrever uma carta conjunta para pressionar o governo venezuelano a comprovar a vitória de Maduro, mas Obrador decidiu esperar que a Corte do país se pronuncie.
“É muito sábia a posição do presidente do México Lopez Obrador sobre a situação da Venezuela. O Itamaraty [Ministério das Relações Exteriores brasileiro] deveria aprender com ele, em vez que querer se meter em assuntos de soberania de outros países”, disse.
No começo deste ano, o coordenador do MST, João Paulo Rodrigues, reclamou que falta “comando político” de Lula com o movimento. “Nós não temos o que reclamar dos ministros. O nosso problema é uma reunião de comando político, quando junta mais de um ministro, com o presidente Lula, para tratar dos assuntos do país e da reforma agrária”, disse na época.