O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta (2) que quer viver até os 120 anos e chamou o empresário Elon Musk – com quem vem tendo rusgas desde o começo do ano – de “babaca” por investir na exploração espacial.
As declarações foram dadas durante uma cerimônia de investimentos em infraestrutura e hidrogênio verde em São Gonçalo do Amarante, no Ceará, onde também criticou ex-governadores do Nordeste que supostamente tentaram dificultar o avanço de grandes obras estruturais, como a ferrovia Transnordestina e a transposição do Rio São Francisco.
Lula também aproveitou a cerimônia para criticar a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), mas sem nominá-la, por não ter avançado nas obras da ferrovia e algumas entregas do Minha Casa Minha Vida após ele ter deixado o governo no final de 2010.
As críticas ao bilionário Musk ocorreram no momento em que Lula falava sobre as fontes renováveis de energia, como o hidrogênio verde, que fazem parte do programa Mover, de incentivo à mobilidade e descarbonização da indústria automotiva brasileira. O presidente vê o Brasil na vanguarda e referencial neste tipo de combustível, de que nenhum outro país do mundo poderia competir.
Lula cobrou que os países ricos contribuam para a preservação da floresta amazônica brasileira mandando para cá os créditos de carbono que angariam nas suas metas de descarbonização.
“Tem gente que ao invés de ajudar, tá fazendo foguete tentando procurar um lugar [lá fora] para morar. Não tem, babaca. É aqui na Terra, e por isso todos estão convidados a cuidar desse planeta. É a única Arca de Noé que nós temos. Se ela capotar, não tem rico, não tem pobre, nós afundamos”, disparou o presidente em referência ao projeto de Musk de colonizar o planeta Marte no futuro.
As rusgas entre Lula e Musk se intensificaram em abril quando o bilionário decidiu enfrentar o Judiciário brasileiro ao publicar decisões do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de bloqueio de perfis na rede social X a opositores do presidente. De lá para cá, o petista constantemente ataca o bilionário pegando a proteção ao meio ambiente e a exploração espacial como ganchos para as críticas.
Ainda durante o evento no Ceará, Lula disse que conversa com Deus para ele viver até os 120 anos para “cuidar desse país” e que a primeira-dama Janja o ajuda a se cuidar.
Ao longo do discurso em um tom bastante efusivo, Lula ainda atacou ex-governadores da região Nordeste que não eram alinhados às suas intenções nos dois primeiros mandatos como presidente, dizendo que dificultaram o início de projetos estruturantes como a ferrovia Transnordestina e a transposição do Rio São Francisco.
“Fizemos mais de 33 reuniões para tentar encontrar uma solução [para a ferrovia], todo dia tinha algum problema, como supressão vegetal, desapropriação, alguma coisa, era um inferno”, disse Lula reclamando que, ao final do seu mandato, faltavam apenas dois anos para a entrega, mas que não foi concluída – o final do prazo, em 2012, ocorreria durante o governo de Dilma, a quem também criticou por não ter avançado em obras do Minha Casa Minha Vida que terá unidades iniciadas em seu segundo governo entregues somente agora.
Com relação à transposição do São Francisco, Lula afirmou que governadores se achavam donos dos rios e que a obra provocaria a seca de trechos dele. No entanto, diz, os canais dele podem ser vistos até da Lua como a Muralha da China – uma fake news já desmentida pela Nasa.
Lula também criticou empresários do agronegócio que dizem que o valor disponibilizado pelo Plano Safra deste ano, de R$ 475 bilhões, é insuficiente. “O presidente da CNA [diz que] é insuficiente. Essas pessoas não percebem que a gente não pode tomar toda a água da fonte sozinho, nós temos que repartir. E fizemos o mesmo para a agricultura familiar”, pontuou.
“Não tem um obrigado, obrigado por isso ou por aquilo”, disparou Lula apontando descontentamento.
Entre os anúncios previstos para a agenda de Lula no Ceará está a assinatura de um projeto de lei que cria o Fundo de Investimento em Infraestrutura Social (FIIS), o marco legal do hidrogênio de baixa emissão de carbono, o regulamento do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FNE), a medida provisória que institui o Programa Mover e a expansão do programa Pé-de-Meia no Ceará.
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