O ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) afirmou nesta quarta (27) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem evitado comentar com interlocutores as evidências apresentadas pela Polícia Federal sobre a suposta tentativa de golpe de Estado, que teve o sigilo sobre o relatório levantado na tarde de terça (26).
De acordo com ele, Lula “não faz mais comentários além disso”, mas pede que os envolvidos – até o momento foram indiciados o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais 36 pessoas – sejam punidos com veemência.
“O presidente tem reafirmado toda a confiança no trabalho da Polícia Federal, tem reforçado que esse é um debate institucional, que o devido processo legal se dê continuidade e que se apure e puna de forma veemente todos aqueles que cometeram esses crimes”, disse o ministro em entrevista à CNN Brasil.
Alexandre Padilha pontuou que o julgamento que vier a ocorrer irá “isolar cada vez mais aqueles que ainda defendem esses atos criminosos, ou tentam passar pano”.
Ainda de acordo com ele, o governo Lula deu total autonomia à Polícia Federal e demais órgãos institucionais para investigar a suspeita – incluindo os atos de 8 de janeiro de 2023, que levaram à invasão e depredação das sedes dos Três Poderes em Brasília que teria sido o ápice da tentativa de golpe, segundo a autoridade.
O ato, aliás, diz o ministro, fez Lula agregar forças políticas que nem sequer eram suas apoiadoras, e que isso também somará para “isolar aqueles que ainda tentam defender esses criminosos.
O ministro disse que o conteúdo tem uma gravidade considerável e que ele próprio ficou se surpreendeu ao ver seu nome citado nas anotações do general Augusto Heleno para ser monitorado “usando instrumentos de Estado”.
Heleno foi chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Bolsonaro e, segundo a PF, teria usado recursos da pasta para “planejamento e execução de medidas para desacreditar o processo eleitoral brasileiro e para subverter o regime democrático”.
Padilha disse que a sala ocupada por ele hoje no Palácio do Planalto era a de Heleno e que, ao entrar no local no começo do ano passado, se deparou com fotografias de todos os diretores do antigo SNI na parede – “todo aquele aparato da Ditadura que perseguiu pessoas como Rubens Paiva, meu próprio pai foi torturado”. “Sabe-se lá o que pretendiam fazer comigo”, pontuou.
“Várias instituições foram contaminadas, indivíduos de várias instituições”, disparou o ministro lembrando, ainda, do artigo 142 da Constituição que foi interpretado por alguns juristas como autorização para as Forças Armadas atuarem como um “poder moderador” da República – o que ele ressalta ser errado.
O ministro ainda lembrou que o plano não foi adiante por conta da resistência de altos comandantes de aderirem à suposta tentativa de golpe, e que isso evitou a ruptura. E reforçou que o governo segue confiando no trabalho do GSI – que chegou a ser questionado após os atos de 8/1 – e da Polícia Federal.
“Infelizmente essa cultura do ódio levou esse indivíduo, há duas semanas, ter perdido a vida quando fazia um atentado à Suprema Corte, tentava aparentemente assassinar um ministro. Essa cultura do ódio, essa perversão que é essa atitude da extrema-direita no Brasil”, pontuou.
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