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Lula
Presidente diz que só reconhecerá o real presidente eleito da Venezuela após conselho eleitoral apresentar atas de votação.| Foto: reprodução/Canal Gov

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, na manhã desta quinta (15), que não reconhece a vitória do ditador venezuelano Nicolás Maduro na eleição suspeita de fraude realizada há quase três semanas.

Ele tem sido pressionado a se posicionar mais claramente sobre a eleição no país, mas tem adotado um tom mais cauteloso e negocia com a Colômbia uma solução para o impasse que tem Maduro se dizendo vencedor de um lado e o candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, do outro.

“Ainda não [reconheço], ele sabe que está devendo uma explicação para a sociedade brasileira e para o mundo. Ele sabe disso”, disse Lula em uma entrevista à Rádio T de Curitiba, onde anuncia a reabertura de uma fábrica de fertilizantes e investimentos em uma refinaria da Petrobras, ambas na região metropolitana da capital paranaense.

Lula pontuou que “não é fácil e nem bom” que um presidente de um país “palpite” sobre o processo eleitoral de outro, mas ressaltou o que vem negociando junto com a Colômbia e, até o começo desta semana, com o México. Os três países haviam se unido para cobrar do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela a divulgação pública das atas de votação que comprovariam quais dos dois candidatos venceu a eleição.

“Só tem uma coisa: tem que apresentar os dados, que seja confiável. O CNE, que tem gente da oposição, poderia ser. Mas ele [Maduro] mandou para a Suprema Corte dele. Não posso julgar a Suprema Corte de outro país”, disse o presidente ressaltando que ainda pode ligar para o ditador venezuelano, uma conversa que vem sendo negociada desde a semana passada a pedido de Maduro, mas que Lula só pretende realizar em conjunto com os presidentes Gustavo Petro (Colômbia) e Manuel Lopez Obrador (México).

Ainda segundo o presidente petista, já há algumas linhas desenhadas do que poderia ser uma saída para o impasse na Venezuela, como o estabelecimento de um governo de coalizão com a oposição – assim como ele formou no Brasil neste terceiro mandato.

“Eu não quero me comportar de forma apaixonada e precipitada, eu quero resultado. Se a gente tiver um resultado e esse resultado for factível, vamos tratar de saber o seguinte: o Maduro tem seis meses de mandato ainda, só termina em janeiro do ano que vem. Ele é o presidente da República independentemente das eleições”, disse.

O presidente pontuou que conversou com Petro na quarta (14) e com Obrador na terça (13) sobre as negociações para a eleição venezuelana.

Lula prosseguiu e afirmou que “se ele [Maduro] tiver bom senso, ele poderia tentar fazer uma conclamação ao povo da Venezuela, quem sabe até convocar uma nova eleição, estabelecer um critério de participação de todos os candidatos, criar um comitê eleitoral suprapartidário, e deixar que entrem olheiros do mundo inteiro pra verem as eleições”.

A possibilidade de sugerir uma nova eleição na Venezuela vem sendo debatida internamente pela diplomacia brasileira e deve ser tema da visita que o minsitro Mauro Vieira (Relações Exteriores) fará ao seu homólogo colombiano, Luis Gilberto Murillo, ainda nesta semana.

O trio de países que estava buscando uma solução negociada com a Venezuela teve um desfalque na última terça (13), quando Obrador decidiu suspender o diálogo com Petro e Lula até que o tribunal eleitoral venezuelano apresente uma decisão sobre a eleição. “Vamos esperar a decisão do tribunal eleitoral, porque ainda está em tramitação. Acho que na sexta-feira desta semana vão decidir sobre as atas e os resultados, então, vamos esperar”, disse em uma entrevista coletiva na Cidade do México.

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