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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (27) que não utilizou a palavra "Holocausto" ao comparar a ação militar de Israel na Faixa de Gaza com o extermínio de judeus promovido pelo líder da Alemanha Nazista, Adolf Hitler, durante coletiva realizada na Etiópia. Lula culpou a “interpretação” do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, pela crise diplomática.
"Primeiro que eu não disse a palavra Holocausto. Holocausto foi interpretação do primeiro-ministro de Israel. Não foi minha", disse o petista em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, na RedeTV. A íntegra da conversa será exibida nesta terça-feira (27), às 22h, mas trechos do conteúdo já foram divulgados.
Apesar de não ter usado a palavra "Holocausto" no último dia 18, Lula equiparou as mortes em Gaza com o extermínio do povo judeu durante a Segunda Guerra Mundial. "Sabe, o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino, não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus", afirmou Lula na Etiópia.
A fala do presidente brasileiro gerou uma crise diplomática e foi criticada por Netanyahu, que afirmou que Lula “cruzou uma linha vermelha”. O petista foi considerado “persona non grata” por Israel até que se retrate. No Brasil, ele foi alvo de um pedido de impeachment apresentado pela oposição.
Na semana passada, o mandatário reforçou as críticas à ação militar israelense, desta vez sem citar a morte de judeus pelos nazistas. "O que o governo de Israel está fazendo com a Palestina não é guerra, é genocídio… Se isso não é genocídio, eu não sei o que é”, disse Lula no último dia 23 durante evento da Petrobras no Rio de Janeiro.
Lula diz que repetiria declaração sobre Israel
Durante a entrevista desta terça (27), o petista afirmou que repetiria suas críticas a Israel. Lula chamou Netanyahu de “cidadão” e disse que já esperava não ser compreendido pelo governo israelense.
"Eu diria a mesma coisa porque é exatamente o que está acontecendo na Faixa de Gaza. A gente não pode ser hipócrita de achar que uma morte é diferente da outra. Você não tem na Faixa de Gaza uma guerra de um Exército altamente preparado contra outro Exército altamente preparado. Você tem uma guerra de um Exército altamente preparado contra mulheres e crianças", afirmou.
“Morte é morte. Eu e o Brasil fomos o primeiro país a condenar o gesto terrorista do Hamas. O primeiro país. Mas eu não posso condenar o gesto terrorista do Hamas e ver o Estado de Israel através do seu Exército, do seu primeiro-ministro, fazendo com inocente da mesma barbaridade”, acrescentou o chefe do Executivo.
O presidente defendeu a criação de um corredor humanitário na região e voltou a pedir por um cessar-fogo. "Eu não esperava que o governo de Israel fosse compreender porque eu conheço o cidadão historicamente já há algum tempo. Eu sei o que ele pensa ideologicamente", disse o mandatário. Ele afirmou ainda que o governo israelense pretende “acabar” com palestinos na Faixa de Gaza.
“O governo de Israel quer efetivamente acabar com os palestinos na Faixa de Gaza. É isso. É exterminar aquele espaço territorial com o povo palestino para que eles ocupem. Não tem outra explicação… É só você ler o depoimento dos Médicos Sem Fronteiras… Pega criança dizendo que prefere morrer do que ser tratada do jeito que estão sendo tratadas, sem anestesia. Isso é genocídio ou não é genocídio?”, apontou.