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Ainda que enfrentando resistência dos europeus para ratificar o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não pretende desistir das negociações, conforme apurou a Gazeta do Povo com membros do Itamaraty.
A intenção, informou a fonte em caráter confidencial à reportagem, é impulsionar a imagem do petista como a figura que finalmente conseguiu destravar o tratado. Em negociação há mais de 20 anos, o acordo pode se tornar a maior negociação entre blocos do mundo e movimentar mais de R$ 600 bilhões.
Desde que assumiu o terceiro mandato, o petista tem buscado se projetar como um líder mundial, sobretudo no chamado Sul Global. Em apenas nove meses de governo, o mandatário ficou quase 50 dias fora do Brasil e fez visitas oficiais a mais de 20 países.
A perspectiva para aprovação do acordo Mercosul-UE, porém, não é positiva. Enquanto Lula tem se articulado para concluir as negociações, membros do próprio governo não enxergam um cenário em que os europeus possam ratificar o acordo. Para que entre em vigor, os quatro países do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) e os 27 da União Europeia precisam aprovar, em caráter de unanimidade, os temas acordados. Sete países europeus, contudo, têm se oposto à negociação.
Em 2019, o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) enviou uma proposta de acordo aos países europeus, as nações, porém, não concordaram com os termos apresentados. Neste ano, o bloco enviou uma side letter ao Mercosul com uma série de novas exigências para que o acordo fosse chancelado.
Com ressalvas principalmente na esfera ambiental, Lula, que atualmente ocupa a presidência pró-tempore do bloco, chamou de "inaceitável" tais exigências. Em busca de uma solução, os países sul-americanos enviaram uma resposta à side letter dos europeus na última semana, conforme informou o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.