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Lula
Presidente ainda afirmou que Venezuela terá que encontrar uma saída para a crise eleitoral por si própria.| Foto: reprodução/Canal Gov

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) negou, nesta sexta (16), que a Venezuela vive sob um regime ditatorial de Nicolás Maduro, mesmo em meio à forte repressão à oposição após a reeleição supostamente fraudada há quase três semanas e sem a apresentação pública das atas de votação que comprovariam a vitória.

Lula vem sendo cobrado pela sociedade para se posicionar mais claramente sobre a eleição venezuelana, e chegou a dizer nesta semana que não reconhece a vitória de Maduro – antigo aliado – enquanto não houver a apresentação das atas que mostrem os votos recebidos.

Apesar disso, Lula diz que o país não vive uma ditadura. “Eu acho que a Venezuela vive um regime muito desagradável, é diferente de uma ditadura. É um governo com viés autoritário, mas não uma ditadura como a gente conhece tantas nesse mundo”, disse o presidente em entrevista à Rádio Gaúcha de Porto Alegre.

Lula está no Rio Grande do Sul para participar de diversos atos ao longo desta sexta (16), como entrega e aceleração de obras do Minha Casa Minha Vida e inauguração de uma ala do Grupo Hospitalar Conceição, em Porto Alegre, e a entrega do Complexo Viário da Scharlau, na BR-116 em São Leopoldo, na região metropolitana.

Ainda na entrevista tratando da questão da eleição venezuelana, Lula disse que não concorda com a nota que o seu partido, o PT, emitiu logo após a proclamação do resultado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) reconhecendo a vitória de Maduro. O presidente afirmou que não pensa igual e que a legenda não tem que concordar em tudo com o governo – e vice-versa.

“Eu não concordo com a nota, eu não penso igual a nota, mas eu não sou da direção do PT”, pontuou afirmando que deu liberdade para a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, criticá-lo quando fosse preciso.

O presidente ressaltou que, apesar dos esforços que tem feito para atuar como um mediador da crise junto com a Colômbia e o México até o começo desta semana – e de estar em contato com o presidente Joe Biden, dos Estados Unidos, para encontrar uma saída – a situação só será resolvida pela própria Venezuela.

Ele ainda lamentou a crítica que recebeu da líder da oposição venezuelana, Maria Corina Machado, da sugestão de se realizar uma nova eleição no país, mencionada por ele na quinta (15). Ela considerou a fala como “insulto”.

“A oposição não gostou da ideia que eu falei que poderia o Maduro, que tem seis meses de mandato ainda, convocar uma nossa eleição. Não gostou, o Maduro também não gostou. Agora, fica a oposição dizendo ‘nós ganhamos’ e o Maduro dizendo ‘nós ganhamos’”, pontuou sem concluir a fala ao ser interrompido e questionado sobre a possibilidade de uma guerra civil – “não acredito, porque há muitos países com disposição de ajudar que a gente viva em paz na América do Sul”, completou.

Lula também criticou as sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos e União Europeia à Venezuela – a quem ele chamou de “o mundo democrático” – que “não trataram corretamente” o país. Lembrou do episódio do auto-proclamado presidente Juan Guaidó que foi reconhecido por algumas nações e que, a partir disso, “houve uma precipitação na punião e no julgamento das coisas”, e que deveriam ter chamado para conversar.

“Fico torcendo para que a Venezuela tenha um processo de reconhecimento internacional e depende única e exclusivamente do comportamento da Venezuela. A oposição sabe disso e o Maduro sabe disso”, completou.

Ainda na mesma entrevista, Lula minimizou as críticas feitas por Maduro ao sistema eleitoral brasileiro, em que disse que não era possível fazer uma auditoria nos resultados das urnas. Para o presidente, não há problema nessa fala, e o que o ditador venezuelano precisa é saber que tem que ter eleições transparentes.

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