Lula ao lado de Fernando Haddad e Gleisi Hoffmann.| Foto: Ricardo Stuckert/Fotos Públicas
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Mesmo antes de recuperar os seus direitos políticos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vinha sendo apontado pelas pesquisas com o nome de maior musculatura política para enfrentar Jair Bolsonaro nas eleições do ano que vem. Agora, com a anulação de seus processos e condenações por decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), o petista pode voltar a sonhar em ser candidato.

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Em janeiro deste ano, um levantamento da consultoria Atlas Político mostrou que, com Lula na disputa, o presidente Bolsonaro tinha 34,5% das intenções de voto, enquanto o ex-presidente petista ficava com 22,3%. Sem Lula, os votos em Bolsonaro se mantêm similares (34,4%), mas a polarização diminuiria e o segundo lugar seria disputado entre Haddad (13,4%), Ciro Gomes (11,6%) e Moro (11,6%).

Outro levantamento mais recente, do Instituto Paraná Pesquisas, divulgado em março, mostrou que, se as eleições fossem hoje, Lula teria 18% das intenções de votos e perderia apenas para o presidente Jair Bolsonaro, que tem 32%. O petista aparece à frente do ex-ministro Sergio Moro, que tem 11,6%; de Ciro Gomes, do PDT (8,7%); de João Doria, do PSDB (5,3%); de Guilherme Boulos, do PSOL (3,5%); de João Amoêdo, do Novo (3,0%); e de Luiz Henrique Mandetta, do DEM (1,4%).

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Nesta quarta-feira (10), foi divulgado a pesquisa CNN/Instituto Real Time Big Data. Os dados são semelhantes aos dos outros levantamentos, com Bolsonaro liderando e Lula isolado no segundo lugar.

A pesquisa da CNN mostrou os seguintes porcentuais de intenção de voto: Bolsonaro (31%), Lula (21%), Moro (10%), Ciro (9%), Luciano Huck (7%), Doria (4%), João Amoêdo (2%) e Marina Silva (1%). Votos brancos e nulos somam 12%; e 3% não sabem em quem votariam.

O levantamento da CNN ainda simulou um segundo turno entre Bolsonaro e Lula. Ambos aparecem tecnicamente empatados, dentro da margem de erro de 3 pontos porcentuais para mais ou para menos: Bolsonaro ficou com 43% e Lula com 39%.

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Outro levantamento, do instituto Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec), ex-Ibope, mostrou recentemente que Lula e Bolsonaro são os dois nomes com maior capital político hoje no Brasil. Nessa pesquisa, que levou em consideração 10 possíveis candidatos para 2022, não se mensura a intenção de voto, mas o teto de aceitação de cada possível candidato.

De acordo com a pesquisa, divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 50% dos entrevistados disseram que votariam com certeza ou poderiam votar em Lula se ele se candidatasse novamente à Presidência, e 44% afirmaram que não o escolheriam de jeito nenhum. Já Bolsonaro pode ter o voto de até 38% dos entrevistados. Mas outros 56% rejeitam votar no atual presidente.

Nesse tipo de levantamento, em vez de se apresentar uma lista de candidatos e pedir ao entrevistado que aponte seu preferido, o Ipec citou o nome de políticos e perguntou se o eleitor votaria nele com certeza, se poderia votar, se não votaria de jeito nenhum ou se não o conhece suficientemente para responder. A soma das duas primeiras respostas – "votaria com certeza" e "poderia votar" – é o potencial de votos de cada presidenciável.

Segundo o levantamento, a maior parte dos eleitores que afirmaram que poderia votar em Lula está concentrada na região Norte e Nordeste (71%). Além disso, 63% possuem renda de até um salário mínimo e 60% com escolaridade até a 4.ª série.

Jair Bolsonaro tem a seu melhor desempenho entre os evangélicos: 53% dos eleitores desse grupo afirmam que votariam novamente no presidente. Além disso, seu melhor desempenho é na região Sul (46%) e com eleitores com renda entre 2 e 5 salários mínimos (45%).

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Diretora do Ipec, Márcia Cavallari explicou, em análise feita para o jornal O Estado de S.Paulo, que o capital político é o saldo de tudo que determinado candidato acumulou em sua trajetória política, tanto no que diz respeito às expectativas e percepções em relação a ele, como também na sua rejeição. Para ela, os nomes mais conhecidos têm uma rejeição mais consolidada, e por isso o trabalho para revertê-la é maior e mais árduo.

Segundo Márcia Cavallari, Lula tem rejeição mais forte entre homens, eleitores de 45 a 54 anos, residentes no Sul e no Sudeste, entre aqueles com nível superior e os que têm renda mais alta. Na contramão, Bolsonaro atinge os seus maiores índices de rejeição entre mulheres, jovens de 16 a 24 anos, pessoas com nível superior, residentes na região Nordeste e entre os que têm renda mais baixa.

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PT tenta viabilizar alianças para a candidatura de Lula

Passada a euforia da decisão do ministro Edson Fachin, os petistas agora tentam se organizar politicamente para viabilizar a candidatura de Lula. Já de olho em 2022, o partido tinha colocado o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, candidato derrotado em 2018 para Jair Bolsonaro, para rodar o país em busca de alianças para a disputa do ano que vem. No entanto, o nome de Haddad na disputa não era certeza nem mesmo entre os petistas, que sonhavam com a candidatura de Lula.

Além disso, o PT está isolado na esquerda. Os outros principais partidos desse campo ideológico – como PSB, PDT, PV e Rede – tentam fechar alianças com siglas de centro na busca de outro nome para a disputa.

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O próprio PT também já buscou fazer acenos ao centro e ao setor empresarial para viabilizar apoios. Logo após o STF anular as condenações de Lula, o Ibovespa, por exemplo, chegou a cair cerca de 4% enquanto o dólar comercial subiu 1,64% e fechou a R$ 5,77.

Apesar disso, o líder do PT na Câmara, deputado Elvino Bohn Gass (RS), reagiu ao que ele chamou de terrorismo de setores da mídia e do mercado financeiro. Segundo ele, houve “desonestidade” ao falar em “risco Lula” e “risco PT” a mais de um ano e meio das eleições presidenciais.

Segundo o jornal Folha de S.Paulo, agora a preocupação do mercado financeiro é que com Lula na disputa, o presidente Jair Bolsonaro dê uma guinada nas pautas populistas, e com isso abandone a agenda liberal e o compromisso com a saúde fiscal do país para angariar votos. Por isso a decisão do STF sobre Lula teria tido efeitos negativos na economia.

Metodologia das pesquisas

O levantamento da consultoria Atlas Político ouviu 3.073 pessoas entre os dias 20 e 24 de janeiro deste ano. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

O Paraná Pesquisas entrevistou 2.080 eleitores em todos os estados e no Distrito Federal. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

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A pesquisa CNN/Instituto Real Time Big Data ouviu 1.200 brasileiros de todas as regiões nos dias 8 e 9 de março. A margem de erro é de três pontos porcentuais e o nível de confiança é de 95%.

O Ipec ouviu 2.002 pessoas em 143 municípios do País. O levantamento foi realizado entre os dias 19 e 23 de fevereiro e a margem de erro é de 2 pontos porcentuais para mais ou para menos.