O ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero afirmou em entrevista divulgada neste sábado (13), no jornal O Estado de S. Paulo, que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, deixou de ter a admiração que tinha antes em países estrangeiros porque abandonou as causas defendidas pelo Ocidente.
"Ele não conseguiu voltar a ter a admiração que tinha nos dois primeiros mandatos porque, naquela ocasião, ele aparecia como um homem que defendia causas que os ocidentais também defendiam", afirmou Ricupero.
"Algumas causas que o Lula tem procurado são diferentes [das] dos países ocidentais. A começar pela Ucrânia, que ele teve, desde o início, uma posição muito de ziguezague, muito incerta. Ele já deu cinco ou seis declarações, e o que se sustenta é que, no fundo, ele tem uma atitude benevolente em relação ao Putin, à Rússia. Esse tipo de coisa o coloca num rumo de colisão com os Estados Unidos, Inglaterra, França, Alemanha. Ninguém simpatiza com essa posição do Brasil em relação à Ucrânia", acrescentou.
Para Ricupero, a posição de Lula sobre a guerra no Oriente Médio também prejudicou sua imagem no exterior. "Também no caso de Israel, ele tem exagerado um pouco nas palavras, embora haja no mundo uma grande preocupação com o que está acontecendo lá. Ele é admirado hoje pelos direitos humanos e sobretudo pelo meio ambiente em que ele realizou muita coisa", disse.
Ricupero também criticou a decisão de Lula de "estender um tapete vermelho" para o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro. "Lula depositou uma confiança em Nicolás Maduro quando, alguns meses atrás, ele fez uma reunião de presidentes em Brasília para refundar a Unasul [União de Nações Sul-Americanas]. Mas não conseguiu. Lula estendeu o tapete vermelho para Maduro", afirmou o ex-ministro.
"Lula seguramente queria mostrar que ele podia ter uma relação especial com a Venezuela e Maduro. Mas Maduro, ao criar esse problema grave com a Guiana, mostrou que Lula fez uma aposta errada, confiou numa pessoa que não merecia", complementou.
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