Ouça este conteúdo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, na manhã desta sexta (5), que políticos das três esferas de poder “não dão importância” para inaugurar obras que custam “milhões” frente aos “bilhões e bilhões” normalmente tratados pelo governo federal, mas que são estes projetos que contam mais do que outros – principalmente se for uma “ponte estaiada”.
A crítica foi feita durante a assinatura de uma ordem de serviço para obras de contenção de encostas em Recife, em que estiveram presentes o ministro Jader Filho, das Cidades, e o prefeito João Campos (PSB), a quem fez afagos durante a cerimônia.
“Muitas vezes, quem está na presidência da República, ou numa prefeitura ou no estado, a gente não dá muita importância a aquilo que a gente chama de ‘pouco dinheiro’, [como] R$ 20 milhões, R$ 15 milhões. [...] Então tem gente que não gosta de inaugurar uma obra de R$ 15 milhões, de R$ 10 milhões”, disse Lula durante o ato ressaltando que, muitas vezes, são essas pequenas obras que beneficiam a população e evita que se gaste muito mais depois para consertar o que poderia ser evitado.
A crítica ocorre num momento em que Lula passou a viajar mais pelo país e a cobrar entregas dos ministros para reverter a queda da popularidade do governo, apontada em sucessivas pesquisas de opinião pública divulgadas nas últimas semanas.
O aumento da desaprovação ao governo levou Lula a convocar uma reunião ministerial em março para cobrar mais empenho dos ministros para mostrarem os feitos das respectivas pastas, que começaram a ser propostos no ano passado. No começo desta semana, o ministro Rui Costa, da Casa Civil, chegou a dizer que a expectativa é de que as pesquisas sejam revertidas em 2024.
Lula ainda criticou “quem cuida do dinheiro” do governo, mas sem citar diretamente os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento), responsáveis por gerir o Orçamento da União, afirmando que ficam “muito mão de vaca”. Ele também afirmou que tudo o que depende do governo federal “tem mais complicações”, sinalizando uma certa morosidade para tocar as obras públicas.
“Muitas vezes no governo, sobretudo a parte do governo que trabalha com finanças [...], quem tá cuidando do dinheiro fica muito mão de vaca. Quem tá cuidando do dinheiro não quer liberar dinheiro para nada, tudo é muito complicado, tudo demora. [...] É mais difícil trabalhar no governo federal do que no estadual. Vocês já perceberam que têm mais complicações para fazer, tem mais fiscalização, tem mais ingerência”, afirmou.
O presidente disse também que a demora para muitos projetos serem tocados ocorre por conta do receio que os funcionários públicos têm de serem denunciados por eventuais irregularidades na liberação dos recursos, e que isso demanda convencimento dos ministros.
“No governo federal você manda e não acontece tão rápido assim. Você manda e não acontece”, pontuou. A ordem de serviço assinada por Lula compreende 18 obras com investimento de R$ 52 milhões com parte do orçamento bancada pelo Novo PAC.