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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fará a primeira reunião ministerial do ano nesta segunda (18), às 9h, para discutir, entre outros assuntos, a queda da popularidade dele após um ano e três meses de governo.
Atualização: Lula chamou Bolsonaro de "covardão" e disse ter certeza de que houve tentativa de golpe em 2022.
A necessidade de se discutir a avaliação do governo surgiu após as últimas três pesquisas da Quaest, AtlasIntel e Ipec indicarem um aumento da desaprovação a Lula mesmo em meio a investimentos públicos e privados, anúncios de programas oficiais e bons números da economia, com queda do desemprego, aumento do PIB, entre outros.
As três pesquisas divulgadas na primeira quinzena do mês convergiram numa tendência de queda da aprovação do governo, em níveis semelhantes. O Ipec apontou, por exemplo, que a percepção negativa subiu de 30% para 32%, enquanto que a aprovação caiu de 38% para 33%.
A avaliação da AtlasIntel apontou um aumento de 39% para 41% da rejeição, enquanto que a aprovação caiu de 42% para 38%. E a Quaest apurou uma alta da desaprovação de 29% para 34%, com a aprovação caindo de 36% para 35%.
Para o ministro Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, realmente não há como o governo ignorar o que as pesquisas dizem, mas afirmou que estes levantamentos mostram uma situação pontual – uma “fotografia” – e que é preciso levar em consideração “o filme todo”.
“Tem um filme muito positivo, e tem fotografias do momento que não podem ser negligenciadas. Tem uma fotografia do momento dessas pesquisas que mostra uma oscilação em alguns segmentos que são importantes, que deram a vitória ao presidente Lula, com as regiões que deram a vitória a ele, outros que tínhamos ampliado o diálogo e a aprovação no ano passado, agora uma redução. Temos que olhar essa fotografia com cuidado, com atenção, não negar que ela existe, mas sem perder o filme como um todo”, disse em entrevista à GloboNews.
Em relação ao “filme como um todo”, que ele classifica como “positivo”, estão o controle da inflação e do ambiente econômico, o reposicionamento do Brasil no mundo, a democracia, a redução do desmatamento, entre outros.
Além de se discutir a queda da popularidade do governo, Lula vai questionar os ministros quanto ao andamento dos programas e ações implementados até agora, reforçar a necessidade de divulgar os resultados e entregas, e cobrar dos titulares mais empenho e articulação com o Congresso para passar os projetos considerados prioritários.
Padilha afirmou que Lula é um presidente que cobra resultados dos ministros já desde os governos passados, e que essa cobrança ocorre “independente do ministério, se tem muitos programas ou iniciativas menores”. Afirmou, ainda, que vai exigir mais viagens dos ministros pelo país para mostrar as iniciativas e entregas do governo, além de reforço nas negociações com o Congresso.
O ministro Alexandre Padilha disse, ainda, que a expectativa é de que se consiga avançar em muitos dos projetos prioritários do governo ainda neste primeiro semestre, que deve concentrar a maior parte das discussões no Congresso por causa do período eleitoral. Entre eles, a “garantia da saúde das contas públicas, o reequilíbrio orçamentário”.
“Tem ali votações importantes da reoneração de setores econômicos, de compensação previdenciária dos municípios, de como enfrentar um programa que foi criado na época da pandemia para o setor de eventos, [sendo que] já acabou a pandemia e ele gerou um impacto sobre o orçamento muito maior do que estava previsto, como corrigir isso, e o debate do orçamento”, pontuou ressaltando que essa é a “centralidade” dos objetivos do governo neste ano.
Padilha também afirmou que o governo vai apresentar os projetos de lei para regulamentar dispositivos da reforma tributária, “compreendendo a realidade do Congresso” de que será um período curto por conta das eleições municipais, o que ele reconhece que pode não concluir ainda em 2024. Também deve apresentar novos projetos de “transição ecológica”, na área cultural, cotas raciais em concursos públicos, crédito, entre outros.
A pauta da reunião, que é a única marcação de Lula nesta segunda (18), o que significa que será um longo encontro, também deve ter a alta do valor dos alimentos e o combate à epidemia de dengue que já faz o ano de 2024 ser o segundo pior da série histórica atrás apenas de 2015.