O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) minimizou nesta quarta-feira (9) o que chamou de protestos "sem pé nem cabeça" contra o resultado da eleição e cobrou a identificação dos financiadores desses atos que acontecem em várias partes do país há cerca de dez dias. Ele exaltou ainda o sistema eleitoral brasileiro e disse que a urna eletrônica é "uma conquista do povo brasileiro", no mesmo dia em que o Ministério da Defesa divulgou relatório em que afirma não ter encontrado nenhuma fraude nas eleições.
Lula conversou com a imprensa, em Brasília, após um dia intenso de encontros institucionais com chefes dos outros poderes. Pela manhã se reuniu por duas horas com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e depois almoçou com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
À tarde, se dirigiu ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde foi recebido pela presidente Rosa Weber e outros nove ministros da Corte, e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). "Para mim é motivo de muita alegria retornar a Brasília como presidente da República eleito pela terceira vez", afirmou aos jornalistas.
O presidente eleito disse que "não há mais tempo para vingança, raiva ou ódio" e que se candidatou com o compromisso de "recuperar a harmonia entre os poderes" e de mostrar que é "plenamente possível recuperar a normalidade da convivência entre as instituições brasileiras que foram atacadas, violentadas". "O tempo é de governar. Pretendo trabalhar 24 horas por dia. Esse país vai voltar a normalidade", disse.
Ao se referir às manifestações de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) em rodovias e defronte a quartéis das Forças Armadas, Lula disse que "essas pessoas não têm por que protestar" e que "muitos países do mundo invejam o Brasil pela lisura do processo eleitoral".
“Essas pessoas que estão protestando, sinceramente, não tem por que protestar. Essas pessoas deveriam dar graças a Deus pela diferença ter sido menor do que aquilo que nós merecíamos ter de voto”, exclamou, elencando as ofensas a autoridades, a ameaça de fechamento das instituições e as agressões verbais presentes nas manifestações como algo fora da normalidade democrática. "É preciso detectar quem está financiando esses protestos que não têm pé nem cabeça", completou.
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O presidente eleito disse que foi ao TSE e à Suprema Corte agradecer pela "lisura do comportamento do poder Judiciário no enfrentamento à violência, à ilegalidade e ao desrespeito democrático que estava sendo praticado nesse país".
"Somos poderes autônomos", diz Lula sobre futura relação com o Congresso
Afirmou ainda que respeita as instituições e que pretende ter uma relação harmoniosa com os parlamentares em um claro sinal de que não pretende interferir nas eleições internas do Congresso.
"Eu não enxergo dentro da Câmara dos Deputados e do Senado essa coisa do Centrão, eu enxergo deputados [e senadores] que foram eleitos e que, portanto, nós vamos ter que conversar para garantir as coisas que serão necessárias para melhorar a vida do povo brasileiro".
Lula disse que não é papel do presidente da República gostar ou não de quem é presidente nas casas legislativas. “Não cabe ao presidente da República interferir em quem será o presidente da Câmara e do Senado. Nós somos poderes autônomos. Nem eles interferem no nosso comportamento, nem nós no deles, e assim a sociedade vai viver tranquila e democraticamente”, reiterou.
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