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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conversou com o homólogo Vladimir Putin, da Rússia, nesta segunda (27), sobre o andamento da guerra com a Ucrânia e reafirmou o compromisso do Brasil “com a promoção da paz”. A conversa entre os dois presidentes ocorreu dias depois do líder ucraniano Volodymyr Zelensky afirmar que Lula não é mais relevante nas negociações pelo fim do conflito.
Segundo informou o Palácio do Planalto, Putin teria relatado a Lula o interesse pelo grupo de países que querem a paz na região, dentro do acordo de mediação firmado no ano passado entre o Brasil e a China.
“Putin agradeceu a contribuição de atores como o Brasil para a busca de uma solução para o conflito na Ucrânia e demonstrou interesse pelos trabalhos do Grupo de Amigos da Paz, lançado pelo Brasil e pela China na ONU em setembro passado. Os dois mandatários acordaram seguir em permanente contato sobre esse tema”, disse o comunicado do Planalto.
Pouco depois, Lula postou nas redes sociais que conversou com Putin para “tratar de temas da agenda global e entre nossos países”, assim como a “preocupação com o cenário internacional e seguir na busca por uma solução para o conflito na Ucrânia”.
No início da guerra da Rússia contra a Ucrânia, Lula chegou a dar declarações altamente criticadas ao equiparar o lado invadido ao invasor pelos motivos que levaram ao conflito, e foi acusado por Zelensky de fazer “retórica política” e sem honestidade “nem conosco e nem com o povo brasileiro”.
Na semana passada, o líder ucraniano foi questionado sobre como ficaria a participação do Brasil na mediação do conflito após o início do governo Donald Trump nos Estados Unidos, que prometeu acabar com a guerra pouco depois que tomasse posse.
“Hoje eu acho que o trem do Brasil, para ser sincero, passou. Falei com Lula, nos encontramos e pedi que ele fosse um parceiro para acabar com a guerra. Agora ele não é mais um 'player'. Ele também não será um 'player' para Trump”, disse à GloboNews em Davos, na Suíça, durante o Fórum Econômico Mundial.
Lula quer ir à Rússia
Lula também demonstrou interesse de viajar a Moscou em maio, a convite de Putin, para participar da comemoração dos “80 anos da vitória na Segunda Guerra Mundial”, o que teria sido correspondido com uma “satisfação com perspectiva de receber o presidente brasileiro e fortalecer o relacionamento entre o Brasil e a Rússia”.
Além de conversarem sobre o conflito no Leste europeu, Lula e Putin também falaram sobre a presidência brasileira no Brics, do qual a Rússia é um dos fundadores, e saudaram a ampliação do grupo.
“Putin expressou apoio à presidência brasileira do Brics e indicou disposição de seguir trabalhando no avanço de iniciativas em favor da facilitação do comércio e dos investimentos entre os membros e em outras áreas. Ambos saudaram o ingresso da Indonésia como membro pleno do Brics”, seguiu o Planalto no comunicado.