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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu retirar definitivamente o diplomata Frederico Meyer do cargo de embaixador brasileiro em Israel. A decisão foi tomada na terça (28) e publicada no Diário Oficial da União desta quarta (29).
Meyer foi transferido para ocupar uma missão permanente na Conferência do Desarmamento, em Genebra, Suíça. Com isso, a representação brasileira em Israel passa a ser ocupada por Fábio Farias, encarregado de negócios considerado o "número 2" da embaixada. O ato aprofunda a crise diplomática entre os dois países.
“O presidente da República resolve [...] nomear Frederico Salomão Duque Estrada Meyer [...] para exercer o cargo de Representante Especial do Brasil junto à Conferência do Desarmamento, em Genebra, Confederação Suíça, removendo-o, ex officio, da Embaixada do Brasil em Tel Aviv para a Missão Permanente do Brasil junto à Organização das Nações Unidas e Demais Organismos Internacionais em Genebra”, aponta a publicação (veja na íntegra).
À Gazeta do Povo, o Itamaraty não detalhou os motivos da remoção, e apenas informou por nota a transferência: "o governo brasileiro informa, com satisfação, a designação do Embaixador Frederico Salomão Duque Estrada Meyer como Representante Especial do Brasil junto à Conferência do Desarmamento, em Genebra. Frederico Meyer exercia o cargo de Embaixador do Brasil em Israel. Foi cônsul-geral em Cantão (2019-2023), representante permanente alterno na missão do Brasil junto às Nações Unidas em Nova York (2017-2019) e embaixador no Marrocos (2011-2015) e no Cazaquistão (2006-2011)".
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Frederico Meyer havia retornado a Israel na última sexta (24) após quase três meses fora do país ao ter sido chamado de volta pelo governo como um sinal de protesto e insatisfação.
Em fevereiro, Meyer passou por um constrangimento ao ser convocado pelo chanceler israelense, Israel Katz, ao Museu do Holocausto, onde ouviu queixas públicas sobre a declaração de Lula ao comparar a reação israelense na Faixa de Gaza ao Holocausto Nazista.
“O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu. Quando Hitler resolveu matar os judeus”, disse em uma entrevista coletiva ao final de uma viagem à Etiópia.
Em resposta, Katz declarou ao embaixador que o presidente brasileiro era considerado uma “persona non grata” em Israel até que se retratasse. “Não esqueceremos e não perdoaremos. É um grave ataque antissemita. Em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel – informe ao presidente Lula que ele é persona non grata em Israel até que ele se retrate”, disse Katz a Meyer durante a reunião em Jerusalém.
A situação gerou uma tensão diplomática entre os dois países. Dias depois, o ministro Mauro Vieira, das Relações Exteriores, expressou “surpresa e desconforto” com a postura do governo israelense durante uma conversa de aproximadamente meia hora com o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine.
A declaração de Lula também teve repercussões internas no Brasil. A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) apresentou um pedido de abertura de processo de impeachment contra Lula, com o apoio de 144 deputados, entre eles Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Nikolas Ferreira (PL-MG) e o ex-ministro Ricardo Salles (PL-SP), do Meio Ambiente. Os parlamentares argumentam que as declarações de Lula “configuram um crime de responsabilidade”.
O Ministério das Relações Exteriores e Lula ainda não se pronunciaram oficialmente sobre a remoção definitiva de Meyer da embaixada brasileira em Israel.
A reportagem foi atualizada após contato do Ministério das Relações Exteriores.
Atualizado em 29/05/2024 às 18:16