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Sem grandes viagens há dois meses por causa da cirurgia a que se submeteu para a colocação de uma prótese no quadril, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) retoma nesta segunda (27) a agenda de viagens internacionais com um giro por países do Oriente Médio e, depois, à Alemanha.
Embora o principal motivo da viagem seja a realização da COP 28 em Dubai a partir de sexta (1º), para onde vai levar uma comitiva de, pelo menos, 12 ministros, Lula embarca nesta tarde para Riade, na Arábia Saudita; Doha, capital do Catar; e, após o Oriente Médio, irá à Berlim, na Alemanha.
A primeira parada de Lula em Riade, com previsão de chegada para terça (28), o presidente será acompanhado do ministro Fernando Haddad, da Fazenda, para tentar vender projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), principal ação do governo para alavancar a economia e a geração de empregos.
Ele terá uma audiência com o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, com quem tinha um jantar marcado durante a última viagem a Paris, em junho, mas que foi cancelado por Lula após críticas da comunidade internacional. O governo justificou o cancelamento à agenda intensa de compromissos do presidente.
Bin Salman, no entanto, leva consigo uma série de críticas da comunidade internacional por desempenhar uma “campanha de repressão a dissidentes” contra o governo da Arábia Saudita. Ele é, ainda, apontado como responsável pela morte do jornalista Jamal Khashoggi, segundo relatório dos Estados Unidos.
Ainda na Arábia Saudita, na quarta (29), Lula vai participar de eventos empresariais com a Embraer e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). Na quinta (30), o presidente viaja a Doha para se reunir com o emir Tamim bin Hamad al-Thani, entre outros representantes do governo local.
O Catar abriga os líderes do Hamas em uma vida de luxo em Doha, enquanto que os habitantes de Gaza vivem na miséria. O governo do país ajudou a intermediar a trégua da guerra, e o conflito deve ser tratado por Lula nas agendas no país.
Ele pretende conversar sobre a nova lista de brasileiros e parentes diretos que seguem em Gaza e pediram repatriação ao governo.
Já em Dubai, a partir de sexta (1º), Lula vai levar à COP 28 uma agenda de preservação ambiental e transição energética em busca de investimentos e para promover o Brasil como um líder na utilização de energia verde.
O governo pretende, ainda, anunciar metas mais ambiciosas de redução de emissões de gases de efeito estufa. A nova meta prevê uma redução de 53% das emissões até 2030 em relação a 2005, superando a meta anterior de 50%. Para 2025, a meta também será ajustada, passando de 37% para 48%.
Lula chega à COP 28 liderando o G20, bloco que reúne representantes de 19 países, da União Europeia e da União Africana. O Brasil comandará o grupo até novembro de 2024 e buscará criar uma força-tarefa para alinhar ações globais de combate às mudanças climáticas.
Por fim, na Alemanha, nos dias 3 e 4 de dezembro, Lula terá encontros com a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, com o chanceler Olaf Scholz e com o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier. O tema da viagem será a conclusão do acordo entre o Mercosul e a União Europeia, iniciado em 1999 e travado nos últimos anos por conta de novas restrições impostas pelos europeus.
O presidente classificou tais exigências como “ameaça” e busca modificações, especialmente em relação às compras governamentais. A União Europeia defende a participação equitativa de empresas dos países-membros em licitações governamentais em todas as nações do acordo, enquanto o Brasil propõe a retirada desse ponto.
Lula quer concluir as mudanças até 7 de dezembro, data em que encerra o período do Brasil como presidente temporário do Mercosul, e antes da posse do novo presidente argentino, Javier Milei, que já fez duras críticas ao bloco sul-americano. Também está prevista a possibilidade de assinatura de acordos em diversas áreas, como preservação ambiental, mudanças climáticas, bioeconomia, agricultura, ciência e tecnologia.