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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, na manhã desta terça (21), que pensou em vingança contra o ex-juiz Sérgio Moro durante o período em que esteve preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, por conta de processos relativos à Operação Lava Jato.
O hoje senador pelo União Brasil do Paraná foi o responsável pela condenação do presidente em 2017 no processo referente ao tríplex do Guarujá, que teria sido adquirido com dinheiro de propina da construtora OAS. Lula foi preso no ano seguinte e passou 580 dias detido.
“De vez em quando ia um procurador de sábado ou de semana pra visitar se estava tudo bem, entrava três ou quatro, e perguntava ‘tudo bem?’, e eu falava ‘não tá tudo bem, só vai tá bem quando eu f... esse Moro. Estou aqui pra me vingar dessa gente’”, disse o presidente em entrevista ao site Brasil 247.
Pouco depois, Moro repudiou a declaração de Lula e disse que nunca se reportou a ele usando os mesmos termos citados. “A gente vê aí algum desequilíbrio, porque o presidente já chamou agricultores de fascistas, já disse que não confiava nos militares, ontem [segunda, 20] fez uma fala absurda sobre livros de economia que já teriam sido superados”, disse à CNN Brasil.
Para ele, a fala de Lula é uma tentativa de “diversionismo em relação às falhas do governo”, como a discussão da nova âncora fiscal prevista para essa semana, que deve ser anunciada oficialmente apenas após a viagem à China.
“O presidente feriu a liturgia do cargo ao utilizar esse palavreado de baixo calão, e a gente tem que questionar quando isso é utilizado como forma de desviar o foco em relação às falhas do governo atual”, afirmou o ex-juiz.
Moro diz que a fala do presidente é uma “farsa” que precisa ser “tirada do ar”. “Lula foi condenado por nove magistrados, não fui somente eu”, disse citando as condenações do Tribunal Regional Federal da 4ª Região e no Superior Tribunal de Justiça, e lembrando que a anulação do processo pelo Supremo Tribunal Federal foi somente por uma questão de forma, mas que “não foi absolvido das responsabilidades”.
“O presidente deveria fazer uma autocrítica do por que tudo isso aconteceu. Houve corrupção nos governos do PT, mensalão e petróleo são inegáveis”, completou.