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A partir deste mês até o final do processo eleitoral, em outubro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá a segurança reforçada durante as viagens que fará para apoiar candidatos aliados às prefeituras neste ano. Há um receio entre as autoridades envolvidas – Polícia Federal e Gabinete de Segurança Institucional (GSI) – de que a campanha seja mais acirrada e violenta do que em eleições passadas.
A principal delas, em São Paulo, é vista como uma espécie de reedição da disputa presidencial de 2022 entre Lula e o então candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL). O petista apoia Guilherme Boulos (Psol) enquanto que o capitão é o cabo eleitoral do atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), que tenta a reeleição.
Andrei Passos Rodrigues, atual diretor-geral da Polícia Federal e então chefe da segurança de Lula na eleição de 2022, diz que a disputa neste ano será diferente – o que justifica o reforço na segurança presidencial. “Desta vez, embora o presidente não seja candidato, vai participar de atos políticos”, disse em entrevista ao Estadão publicada nesta segunda (5).
Segundo o diretor-geral da PF, houve um acirramento “desastroso” do debate político nos últimos anos, o que justificaria o aumento do efetivo da segurança presidencial.
“Uma coisa é a disputa política no campo do debate das ideias. Outra é esse cenário desastroso que a gente vem enfrentando há algum tempo, que sai do mundo virtual e vem para o mundo real. Isso é, obviamente, um ponto de atenção”, completou.
O efetivo a ser adotado pela PF não foi revelado, e nem quantos serão empregados pelo GSI. Atualmente, Lula conta com um efetivo de 310 militares do gabinete e do Comando Militar do Planalto.
O atual ministro do GSI, general Marcos Antônio Amaro dos Santos, diz que cada ato que Lula participar terá um esquema diferente de segurança, com uma determinada quantidade de agentes para cobrir todo o perímetro.
“Todos os protocolos resguardam o presidente da possibilidade de atentado. Cada situação tem sua avaliação de risco e o planejamento é feito caso a caso”, completou.
Ainda segundo Santos, há uma preocupação adicional da resistência que Lula tem a andar com colete a prova de balas por considera-lo muito pesado e quente, além de limitar a flexibilidade dos movimentos.
No entanto, o general minimizou a resistência de Lula ao equipamento e lembrou que, por exemplo, o ex-presidente norte-americano Donald Trump foi alvo de um atentado em que um tiro foi disparado na altura da cabeça – não seria protegido pelo colete.
“No caso do Trump, por exemplo, adiantaria ele estar usando colete? Não adiantaria porque o tiro foi na direção da cabeça. Passou na orelha”, apontou.
O reforço conjunto da segurança de Lula pela PF e pelo GSI ocorre mais de um ano depois que o gabinete mais próximo de Lula foi alvo de fortes desconfianças após os atos de 8 de janeiro de 2023, em que o então ministro general Gonçalves Dias foi flagrado circulando entre os manifestantes que invadiram o Palácio do Planalto sem repreendê-los.
G. Dias, como era conhecido, foi o primeiro ministro de Lula a cair em meio às investigações dos atos que levaram à invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília.