Após fazer acenos diversos ao eleitorado feminino durante a campanha eleitoral, o presidente Lula (PT) alcançou um número recorde de mulheres no primeiro escalão do governo ao empossar onze ministras para os 37 ministérios da nova gestão, o equivalente a 30%.
O número é o maior desde o segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que chegou a ter dez mulheres no primeiro escalão – o mandato de Dilma foi, também, o mais inchado em número de ministérios, com 39 ao todo.
O governo de Jair Bolsonaro (PL), que encerrou com 23 pastas, teve quatro ministras, mas não simultaneamente: o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), por exemplo, foi comandado por Damares Alves (Republicanos) até março do ano passado, e a partir daí passou a ser chefiado por Cristiane Britto. Já na gestão de Michel Temer (MDB), foram três mulheres a comandarem pastas do governo.
O segundo escalão de Lula, que ainda está sendo montado, também deve ter presença significativa de mulheres. Tarciana Medeiros foi a escolhida do petista para comandar o Banco do Brasil, instituição que terá pela primeira vez uma mulher na presidência. Já para a Caixa Econômica Federal, a escolhida foi a servidora Maria Rita Serrano. A Caixa, entretanto, já era comandada por uma mulher, a economista Daniella Marques, durante o governo de Jair Bolsonaro. No Ministério da Educação (MEC), a ex-governadora do Ceará, Izolda Cela, exercerá o cargo de secretária-executiva, o segundo posto mais importante da hierarquia da pasta.
Durante a campanha, Lula acenou ao eleitorado feminino, mas evitou promessas sobre chefia de ministérios
Durante um dos debates do primeiro turno da campanha eleitoral, Lula foi questionado por uma jornalista sobre um possível compromisso com a destinação de ao menos 50% das pastas do governo para a chefia de mulheres, caso fosse eleito. Na ocasião, o petista evitou se comprometer com a chamada “paridade de gênero”.
“Não sou de assumir compromisso, de me comprometer a fazer metade, indicar religioso, indicar mulher, indicar negra, indicar homem. Ou seja, você vai indicar as pessoas que têm capacidade para assumir determinados cargos”, afirmou Lula na época.
Apesar disso, de olho no voto feminino, o novo presidente fez diversos acenos a causas de interesse das mulheres durante a campanha. Após eleito, no entanto, logo que as atividades do gabinete de transição do novo governo iniciaram, a cúpula petista passou a ser pressionada por ativistas e por parte da imprensa por ter poucas mulheres no grupo.
Mas a pressão também veio de dentro, em especial pela presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), a deputada Gleisi Hoffmann, e a primeira-dama Rosângela da Silva, conhecida como Janja. A esposa de Lula, aliás, tentou emplacar uma amiga sua, ex-diretora da Itaipu, no comando do Ministério de Mulheres – o nome, entretanto, não agradou membros da equipe de transição.
No discurso feito no parlamento do Palácio do Planalto durante sua posse neste domingo (1º), Lula abordou o tema ao falar sobre a criação do Ministério das Mulheres. “Não podemos continuar a conviver com a odiosa opressão imposta às mulheres, submetidas diariamente à violência nas ruas e dentro de suas próprias casas. É inadmissível que continuem a receber salários inferiores ao dos homens, quando no exercício de uma mesma função. Elas precisam conquistar cada vez mais espaço nas instâncias decisórias deste país – na política, na economia, em todas as áreas estratégicas”.
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Quem são as ministras do governo petista
Entre as ministras mais conhecidas empossadas por Lula neste domingo (1º) estão Marina Silva (Rede), que já havia chefiado a pasta do Meio em mandato anterior Do petista, e Simone Tebet (MDB), que concorreu à Presidência da República nas eleições de 2022. Já entre aquelas ainda pouco conhecidas em âmbito nacional estão a ativista feminista Anielle Franco – irmã de Marielle Franco, ex-vereadora do Rio de Janeiro assassinada em 2018 – e a economista Esther Dweck, que já ocupou cargos no governo de Dilma Rousseff.
Já a deputada federal eleita Sônia Guajajara (PSOL-SP), que comandará o ministério dos Povos Indígenas, foi selecionada pela revista norte-americana Time como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo em 2022. Mesmo assim, Sônia ainda é pouco conhecida fora do ambiente de ativismo.
Veja abaixo a lista de ministras do novo governo:
Ciência e Tecnologia: Luciana Santos (PCdoB)
Cultura: Margareth Menezes
Esportes: Ana Moser
Gestão: Esther Dweck
Igualdade Racial: Anielle Franco
Meio Ambiente: Marina Silva (Rede)
Mulheres: Cida Gonçalves (PT)
Planejamento: Simone Tebet (MDB)
Povos Indígenas: Sônia Guajajara (PSOL)
Saúde: Nísia Trindade
Turismo: Daniela Carneiro (União Brasil)
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