Depois de cumprir agenda na China, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarca neste sábado (15) em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos (EAU). A expectativa é de que a comitiva do petista seja recebida, no fim da tarde, no Palácio Presidencial, pelo xeique Mohammed bin Zayed Al Nahyan.
Lula pretende usar a viagem para fechar acordos comerciais e ambientais, mas a lista de temas ainda não havia sido divulgada pelo Palácio do Planalto até a tarde desta sexta-feira (14). Os Emirados Árabes Unidos são hoje os maiores investidores do Oriente Médio no Brasil, superando os US$ 10 bilhões.
Entre os quatro principais fundos soberanos do país do Oriente Médio, dois – a Mubadala Development Company e a Abu Dhabi Investment Authority (Adia) – mantêm presença ativa no Brasil. Os empreendimentos da Mubadala no Brasil incluem investimentos em setores como infraestrutura, mineração, imobiliário, entretenimento e educação. Já a Adia possui perfil voltado para compra de ações, com interesse no setor imobiliário e hoteleiro.
Cerca de 30 empresas brasileiras estão presentes nos Emirados Árabes Unidos. É o caso da Vale, Embraer, Tramontina, WEG, Marcopolo, Itaú, BRF, JBS e Copacol, segundo o governo brasileiro
Ainda de acordo com o Planalto, o encontro parte de um desejo de Al Nahyan de estreitar as relações com o petista e ampliar o comércio entre os dois países. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, o Brasil exportou 1% dos seus produtos para os Emirados Árabes em 2022.
No ano passado, o comércio bilateral alcançou a marca de US$ 5,7 bilhões, um aumento de 74% em relação a 2021. O Brasil teve um superávit brasileiro. O destaque fica por conta do agronegócio, que responde por quase 60% da pauta de produtos vendidos ao país do Oriente Médio.
Lula discutirá políticas ambientais na visita
A agenda de Lula em Abu Dhabi incluirá encontros com os organizadores da COP-28, que neste ano será sediada em Dubai, e com fundos soberanos de investimento. Na visita, o petista deve discutir a pauta ambiental brasileira, como políticas de preservação da Floresta Amazônica e a atração de recursos para o Fundo Amazônia.
Abu Dhabi pretende que 31% da energia que utilizar em 2025 seja originária de fontes limpas. Também quer reduzir pela metade, em dez anos, as emissões de dióxido de carbono. Os EAU foram a primeira nação do Oriente Médio e do Norte da África a assumir compromisso de emissões líquidas zero até 2050.
Extradição de empresário brasileiro em pauta
Oficialmente, o governo brasileiro diz que o presidente "tratará das relações bilaterais e econômicas entre os dois países". Apesar disso, é esperado que Lula questione Al Nahyan sobre o pedido de extradição do empresário Thiago Brennand.
A extradição do empresário, que tem cinco prisões preventivas decretadas pela Justiça de São Paulo, está no radar por se tratar de um tema da agenda bilateral. Segundo o governo brasileiro, o caso "já vem tramitando e sendo tratado formalmente entre as autoridades diplomáticas brasileiras e a justiça dos Emirados".
Brennand é acusado de crimes sexuais e já foi denunciado oito vezes pelo Ministério Público de São Paulo. Em vídeos postados nas redes sociais, sempre negou todas as acusações.
Em uma publicação feita na semana passada, o empresário afirmou que pretende voltar ao Brasil, que deve desculpas a ex-advogados e a autoridades a quem ofendeu, mas diz que provavelmente será preso "injustamente". A defesa pediu a revogação das prisões e que o nome de Brennand seja retirado da lista de foragido da Interpol, o que foi negado pela Justiça.
O empresário embarcou para os Emirados Árabes em setembro do ano passado, poucas horas antes de ser denunciado pelo Ministério Público. Ele ficou conhecido após agredir, em agosto de 2022, a modelo Alliny Gomes, durante discussão em uma academia de ginástica na Zona Oeste da capital paulista.
Segundo o Ministério da Justiça, o pedido de extradição de Brennand segue seu fluxo normal. A pasta afirma ter formalizado a solicitação às autoridades dos Emirados Árabes em 4 de novembro do ano passado. No dia 17 de março, 70 armas de Brennand foram apreendidas pela polícia.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, o armamento foi encaminhado para perícia no Instituto de Criminalística e, depois, ficaria à disposição da Justiça de Porto Feliz, onde o empresário também é investigado.
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