Após o DEM anunciar oficialmente que liberou o voto da sua bancada na eleição para presidente da Câmara dos Deputados, o ainda presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), chegou a dizer a aliados que poderia aceitar um pedido de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
A ameaça foi feita por Maia no domingo (31), durante reunião da executiva do seu partido que decidiu abandonar o apoio à candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP) ao comando da Câmara. Rossi é o candidato de Maia. Na tarde desta segunda-feira (1º), Maia voltou atrás e informou ao blog da jornalista Andréia Sadi que não vai deferir nenhum pedido de impeachment.
O encontro do DEM no domingo foi convocado pelo presidente nacional do partido, ACM Neto, após diversos parlamentares manifestarem interesse em votar em Arthur Lira (PP-AL). A decisão representou uma derrota para Maia e Rossi e uma vitória Lira, líder do Centrão e candidato apoiado pelo Palácio do Planalto.
Um dos principais expoentes do movimento contra o apoio à candidatura de Rossi foi o deputado Elmar Nascimento (DEM-BA). Ele é um dos principais caciques do partido e se sentiu traído por Maia, que não apoiou a sua pré-candidatura e preferiu dar apoio a Rossi, que é do MDB.
Em último dia no cargo, Maia volta atrás
Segundo o blog das jornalistas Andrea Sadi e Natuza Nery, Maia disse a aliados que o racha no DEM foi provocado pelo grupo de Bolsonaro. Ele acusa o Planalto de estar tentado "comprar o Parlamento", numa referência aos R$ 3 bilhões em obras liberados a 285 parlamentares e a suposta distribuição de cargos na Esplanada dos Ministérios em troca do voto em Lira.
Abalado com o rompimento do seu partido, Maia teria dito a interlocutores no domingo que não teria outra alternativa a não ser aceitar um dos pedidos de impeachment contra o presidente da República. Há 59 pedidos na mesa de Maia. Um pedido de impeachment só começa a tramitar se autorizado pelo presidente da Câmara. A decisão é monocrática.
Para abrir um pedido de impeachment, Maia teria de tomar essa decisão ainda nesta segunda-feira (1º). A partir das 19 horas, começa a eleição para presidente de Câmara. O favorito para ganhar a disputa é Lira. Porém, agora à tarde, ele recuou. "Não vou deferir impeachment", disse Maia.
Em dois anos à frente da Câmara durante a gestão Bolsonaro, Maia nunca aceitou um pedido de impeachment. Nos momentos mais tensos da relação do Planalto com os demais poderes, Maia se limitou a soltar notas de repúdio e a defender a ordem institucional. Recentemente, afirmou que abrir impeachment contra o presidente tiraria o foco do combate à pandemia e da recuperação da economia.
Aliados de Maia estão divididos
Ainda segundo o blog das jornalistas Andrea Sadi e Natuza Nery, aliados de Maia estavam divididos sobre a decisão. Parte dos políticos que apoiam a candidatura de Baleia Rossi teria aconselhado Maia a autorizar todos os pedidos de impeachment que hoje estão na gaveta contra Bolsonaro. A oposição também apoiou a ideia.
O objetivo seria congestionar a pauta do Congresso e causar desgaste político ao presidente Bolsonaro. Os aliados de Maia reconhecem que os pedidos podem não prosperar, mas ainda assim demandariam tempo e negociações do Planalto para derrotar cada um deles.
Outros aliados de Maia eram contra a ideia. Eles afirmaram que seria um “casuísmo” abrir o impeachment no apagar das luzes de sua gestão. Eles lembram que Maia não fez isso durante dois anos e que o parlamentar é fortemente influenciado pelo mercado financeiro. Mesmo que não tivesse chances de prosperar, um processo de impeachment poderia abalar o mercado devido à instabilidade institucional.
O que aconteceria se Maia abrisse processo de impeachment
Se o presidente da Câmara aceitar um pedido de impeachment, o que depende exclusivamente de decisão política, será instalada uma comissão especial para debater o pedido. Essa comissão tem 48 horas para se reunir e escolher presidente e relator do processo.
O presidente da República tem até dez sessões para se manifestar. A comissão especial tem de cinco a dez sessões para oferecer o parecer favorável ou contrário. O parecer é, depois, submetido à votação de todos os deputados.
Se o parecer for favorável ao impedimento e for aprovado por pelo menos dois terços deles (342 votos de um total de 513), o processo de impeachment é considerado oficialmente aberto – e o presidente, nesse caso, é afastado por 180 dias, sendo substituído pelo vice.
O processo, então, vai a julgamento no Senado, em sessão presidida pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). Para o presidente ser afastado definitivamente, o impeachment precisa dos votos de dois terços dos senadores (54 votos, de um total de 81). Se não houver esse mínimo de votos, o processo é encerrado e o presidente reassume o cargo.
Maia ensaia desembarque do DEM
A irritação de Maia com o DEM seria tão grande que os jornais desta segunda-feira (1º) informam que o atual presidente da Câmara pode até deixar o partido. Ele já teria comunicado sua decisão ao presidente da legenda, ACM Neto, mas somente após a eleição da mesa adotará os procedimentos formais para sua desfiliação.
O pano de fundo a essa reação de Maia ao racha do seu partido é a eleição de 2022. Maia e o DEM vinha antagonizando com o presidente Bolsonaro visando uma candidatura à presidência da República em 2022. O desembarque do DEM à candidatura de Baleia Rossi tirou, na visão de Maia, a força do partido para as eleições de 2022.
O apresentador Luciano Huck estaria cogitando se filiar ao DEM para ser candidato a presidente. O nome de Maia chegou a ser cogitado algumas vezes como vice da chapa. Porém, com o racha do partido, Maia e seus aliados acreditam que Huck possa desistir da filiação. O apresentador também cogita se filiar ao Cidadania.
Fim do ano legislativo dispara corrida por votação de urgências na Câmara
Boicote do agro ameaça abastecimento do Carrefour; bares e restaurantes aderem ao protesto
Frases da Semana: “Alexandre de Moraes é um grande parceiro”
Cidade dos ricos visitada por Elon Musk no Brasil aposta em locações residenciais
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF