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O senador Major Olímpio (PSL-SP), de 58 anos, teve a morte cerebral anunciada nesta quinta-feira (18) após ser diagnosticado com Covid-19. A confirmação foi no perfil do parlamentar nas redes sociais. “Com muita dor no coração, comunicamos a morte cerebral do grande pai, irmão e amigo, Senador Major Olimpio. Por lei a família terá que aguardar 12 horas para confirmação do óbito e está verificando quais órgãos serão doados. Obrigado por tudo que fez por nós, pelo nosso Brasil”, diz o breve comunicado.
Olímpio é o terceiro senador que perde a vida após complicações pelo novo coronavírus. Em outubro do ano passado, Arolde de Oliveira (PSD-RJ), de 83 anos, morreu após ser infectado. Em fevereiro deste ano, o decano do Senado, José Maranhão (MDB-PB), faleceu após lutar contra a doença.
Major Olímpio estava internado desde 3 de março e não resistiu ao agravamento da Covid-19, diagnosticada em 2 de março. Ele estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) São Camilo, em São Paulo. Líder do PSL no Senado, ele chegou a participar de forma remota da sessão plenária do dia 3, que apreciou a PEC Emergencial, deitado em uma cama hospitalar. Com a respiração ofegante, Major Olímpio começou discusar, mas o sinal de celular caiu e ele não voltou.
Em nota, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), lamentou a morte do colega e decretou luto oficial de 24 horas no Congresso, período no qual não haverá celebrações no Legislativo. "As sinceras condolências do Parlamento Brasileiro à família, amigos e a todos os paulistas", disse. No Twitter, Pacheco escreveu: "Pensávamos diferente, mas gostávamos e respeitávamos um ao outro. No dia de hoje, perdemos um companheiro de trabalho, um trabalhador, um amigo. Perdemos mais um brasileiro".
Defesa da segurança pública e o rompimento com Bolsonaro: a atuação política de Olimpio
Senador mais votado em 2018, com mais de 9 milhões de votos, Olimpio foi eleito esteira do “bolsonarismo” como aliado de Bolsonaro quando ambos eram deputados federais. Mas o senador não demorou muito tempo para romper politicamente com o presidente Jair Bolsonaro. Em maio de 2020, um áudio de WhatsApp vazou à imprensa onde Olimpio criticava Bolsonaro.
Segundo o senador, Bolsonaro não queria que ele assinasse a chamada comissão parlamentar de inquérito (CPI) da Lava Toga, proposta para investigar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). “Eu não gosto de ladrão. Para mim, ladrão de esquerda é ladrão. De direita, é ladrão. Se for filho do presidente ladrão [uma referência às suspeitas de crime de “rachadinha” do qual o senador Flávio Bolsonaro é investigado] roubando junto com o presidente, eu vou dizer”, disse.
A atuação de major Olímpio como parlamentar foi calcada pela defesa da segurança pública. Major da Polícia Militar de São Paulo, ele defendeu na atual legislatura, por exemplo, a criação de uma comissão de segurança pública no Senado. Também chegou a lançar a pré-candidatura à presidência do Senado, mas abdicou de última hora para apoiar a senadora Simone Tebet (MDB-MS).
As reações de parlamentares e ministros do STF ao falecimento
O falecimento de Olimpio gerou rápida comoção e repercussão no meio político e, também, no Judiciário. Durante a sessão do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente da Corte, ministro Luiz Fux, manifestou solidariedade ao Senado pela morte de Major Olímpio. “Foi um parlamentar combativo em relação aos valores morais, institucionais do Estado de Direito e da legalidade democrática”, afirmou.
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), também se manifestou. "É com profundo pesar que recebo a notícia do falecimento do senador Major Olímpio na tarde desta quinta-feira. Meus sinceros sentimentos aos familiares e amigos."
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, usou as redes sociais para se manifestar sobre a morte. "Com pesar, solidarizo-me com a família e amigos do nosso Senador Major Olímpio, enviando-lhes minhas condolências. Força e fé."
O deputado Capitão Augusto (PL-SP), presidente da Frente Parlamentar Mista da Segurança Pública, foi outro que demonstrou solidariedade pela passagem do senador. "Que em Deus a sua família encontre o conforto necessário para esta grande perda, que atinge a todos nós que tivemos conjuntamente o privilégio de ombrear inúmeras causas em defesa da sociedade, na política e no Parlamento", destacou, em nota.
A sociedade brasileira, continua Augusto, "perde um legítimo agente público". "Que nunca se desviou de suas bandeiras e seus ideais. Agradecemos a Deus pelo privilégio de tê-lo conhecido. Descanse em paz, missão cumprida. Seu legado seguirá vivo em nossa memória e em nossas ações pelo povo brasileiro. Ao senador Major Olimpio, a nossa eterna gratidão e reconhecimento", afirmou.
O presidente nacional do PSL, deputado Luciano Bivar (PE), também se posicionou em nota. "Essa morte precoce de nosso amigo, colega e fraterno Major Olimpio, que sempre esteve ao lado de nossa causa política por um Brasil melhor, deixa todos nós sem chão. Só nos resta nos solidarizar com sua família e pedir a Deus que nos proteja em espírito e força para caminharmos sempre juntos em busca dos nosso ideais", disse.
A deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) foi outra a se posicionar, em resposta à publicação no perfil do Twitter de Olimpio. "Que Deus o receba e conforte a família. O Brasil perdeu um grande guerreiro, que foi injustiçado por ser honesto e verdadeiro, que tinha um coração de ouro. Descanse em paz, meu amigo", declarou.
Candidato às eleições em 2018 pelo PDT, Ciro Gomes também prestou solidariedades à família. "Lamento o falecimento do Major Olimpio. Dele, se podia discordar, mas fui testemunha de sua coragem e espírito público. Participamos de debates juntos e sempre de forma muito respeitosa. Meus sentimentos para amigos e família", comentou.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), também se manifestou pelas redes sociais. "Minha solidariedade à família do Major Olimpio, combativo senador e honrado policial militar em São Paulo. Que possamos nos unir para combater essa terrível pandemia que ceifou mais de 280 mil vidas no Brasil", disse.
Colega de Olímpio negou morte pouco antes da confirmação
Às 15h33 desta quinta-feira (18), a Gazeta do Povo recebeu a informação de que o senador teria falecido de uma fonte da Câmara. A reportagem procurou o deputado federal Coronel Tadeu (PSL-SP), amigo pessoal do senador, para confirmar, mas a morte foi negada.
“Se for sobre o Olimpio, é fake [news]. Ele está internado em estado grave, mas o quadro segue estável.”, afirmou Tadeu. Na quarta-feira (17), também em conversa com a reportagem, o deputado reconheceu a situação crítica do amigo. “Olimpio está ‘10 vezes pior’ do que quando eu peguei a Covid-19”, declarou.
Em julho de 2020, Tadeu chegou a precisar de ventilação não-invasiva (VNI) quando entrou na fase mais crítica da doença, após 11 dias de internação. Nesses últimos dias, ele vinha acompanhando diariamente o estado de Saúde de Olimpio e tinha notícias uma vez por dia dos médicos.