O ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta defendeu que ele e sua equipe continuarão trabalhando com critérios técnicos e científicos no combate ao novo coronavírus. Em meio ao avanço da Covid-19 no país, Mandetta enfrenta resistência do presidente Jair Bolsonaro às determinações da pasta. O Ministério da Saúde atualizou os dados sobre a doença no país, nesta segunda-feira (30).
O Brasil registrou 159 mortes causadas pelo novo coronavírus e 4.579 infectados. Ao invés da tradicional coletiva no ministério, as informações foram repassadas diretamente do Palácio do Planalto, com a presença de vários ministros.
Participaram da coletiva: o general Braga Netto (Casa Civil), Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), André Mendonça (Advocacia-Geral da União), Onyx Lorenzoni (Cidadania) e o tenente-brigadeiro do ar Raul Botelho, chefe do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas. O novo formato, segundo Mandetta, servirá para ampliar e fazer pedidos aos outros ministérios.
Apesar do ruído no relacionamento com o presidente, o ministro preferiu uma abordagem mais conciliatória. “A última palavra é dele [do presidente]”, ressaltou. E disse que dado o tamanho da crise enfrentada é normal momentos de tensão.
Braga Netto foi enfático na defesa do colega, disse que uma possível demissão “está fora de cogitação”. O chefe da pasta da saúde declarou, mais de uma vez nos últimos dias, que enquanto estiver nominado vai trabalhar “com técnica e com ciência”, jogando a responsabilidade para o presidente.
O ministro espera “uma ação muito mais integrada”. Agradeceu a intervenção da AGU em questões jurídicas com ações que tratam por exemplo, da abertura de fábricas para produção de produtos indispensáveis como respiradores. Também agradeceu ao Supremo Tribunal Federal e à Procuradoria-Geral da República.
“O ministro Onyx tem um enorme desafio, que é como construir um manejo social para pessoas idosas, principalmente em favelas e comunidades. A gente tem dialogado muito dentro do governo e eu tenho dialogado muito com secretários estaduais e municipais, dentro do que é técnico e dentro do que é científico, dentro do planejamento”, ressaltou o ministro da Saúde sobre o papel do colega da Cidadania.
Onyx afirmou que até abril o Bolsa Família atenderá 14.290 milhões de famílias no Brasil. O incremento, segundo o governo federal, é de 1,2 milhão de beneficiários.
Discurso de união
O discurso de união de Mandetta foi além das determinações governamentais. “Não acredito em isolamento vertical, horizontal, nada disso. Não tem fórmula pronta. Nós vamos criar a nossa dinâmica social, todos juntos. Eu preciso que o pacto político ocorra, peço para os governadores que prestem atenção e chamem seus secretários para ficarem atentos. Eu preciso da imprensa, do STF, do governo federal, dos governos municipais.
Para o ministros, todos deverão se adequar a um novo código de comportamento entre pessoas, de distanciamento, também “de respeito de não aglomeração, de funcionar para que a gente não tenha e morra de uma paralisia. Mas também não tenha um frenesi, que nos cause um megaproblema, vamos ser muito inteligentes, muito jeitosos.”
E elogiou o trabalho realizado pelas comunidades cariocas em meio à pandemia: “parabéns pelo trabalho que vocês estão fazendo, e o exemplo de dignidade, de comportamento, de inteligência”.
Mandetta reforçou a orientação dos estados
“Por enquanto mantenham a recomendação dos estados, porque essa é, no momento, a medida mais recomendável. Já que nós temos muitas fragilidades ainda no sistema de saúde, que são típicas, não do Ministério da Saúde ou do governo”, disse o ministro.
Pouco mais de um mês do primeiro infectado registrado no país, a taxa de mortalidade pelo vírus já chega a 3,5%. Mas deve ser entendida apenas como “representativa”, já que nem todos são testados, segundo a equipe do MS.
O estado de São Paulo ainda é o mais afetado pela doença, com 1.451 infectados. A Região Sudeste apresenta 55% dos casos, maior número de registros. Já a Região Norte apresenta apenas 6%, a menor. De domingo (29) para esta segunda-feira (30), foram 23 vítimas fatais a mais.
Além da Covid-19, o Sistema Único de Saúde (SUS) se prepara para enfrentar três epidemias ao mesmo tempo, já que são esperados aumento nos casos de dengue e influenza. A equipe da saúde preferiu não determinar um tempo para o fim das ações.
“Não tem tempo, todos os países que se comprometeram com tempo bateram com a cara na porta”, explicou Mandetta, que usou o exemplo dos Estados Unidos. Donald Trump teve que rever o protocolo e estendeu o período de quarentena no país até 30 de abril, no domingo (29).
Testes para enfrentar a doença
O teste rápido é feito com um gota de sangue retirada do dedo, o resultado sai em 20 minutos, segundo o ministro. O Brasil deve receber 500 mil testes rápidos nos próximos dias, que serão distribuídos para os estados.
Porém, ele é usado a partir do sétimo dia do início dos sintomas, é um “teste tardio”. Segundo o secretário-executivo do MS, Wanderson de Oliveira, essa testagem serve para auxiliar a vigilância no controle, principalmente de profissionais dos serviços de saúde e segurança.
“O nome dele é teste rápido, mas ele mede o anticorpo”, disse Mandetta. “Portanto não pensem em chegar lá [no sistema de saúde] após ter uma gripe para saber se teve coronavírus”, pontuou. Foram comprados 5 milhões de testes rápidos.
Já o teste PCR é o que tira a secreção do nariz ou da garganta da pessoa e vai para o laboratório. Esse pode ser feito desde o primeiro dia de sintomas. O Ministério da Saúde espera poder realizar essa versão de teste em drive-thru, como na Coreia do Sul. Para isso está realizando uma parceria público-privada com laboratórios. A expectativa é que os resultados saiam em um dia e sejam enviados por um aplicativo.
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