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Sessão da CPI da Covid em 04/05/2021
Sessão da CPI da Covid em 04/05/2021| Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

O ex-ministro Luiz Henrique Mandetta iniciou seu depoimento na CPI da Covid do Senado, na manhã desta terça-feira (4), com a leitura de um memorial de realizações de sua gestão no comando da pasta, que ele ocupou do início do governo de Jair Bolsonaro até abril do ano passado. Ele evitou críticas diretas ao presidente, mas mencionou um "mal-estar" que vivenciou com o chefe do Executivo e um "desconforto" pelo fato de ele e Bolsonaro terem opiniões distintas para o combate à pandemia de coronavírus.

Mandetta disse que não protagonizou discussões acaloradas com Bolsonaro e nem foi repreendido publicamente pelo presidente, mas via suas diretrizes sendo desconsideradas pelo chefe do Executivo. Ele também negou ter orientado a distribuição de cloroquina e afirmou que combateu o chamado "isolamento vertical", ideia de restrição de circulação de pessoas pertencentes apenas ao grupo de risco que é defendida por Bolsonaro e contestada pela maior parte das autoridades médicas.

O ex-ministro falou ainda que viu, em uma reunião no Palácio do Planalto, o esboço de um decreto que modificaria a bula da cloroquina para incluir entre as propriedades do medicamento o combate ao coronavírus. Segundo ele, isso indica que Bolsonaro recebia aconselhamentos sobre a pandemia de pessoas externas ao Ministério da Saúde. Mandetta falou também que o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, participava de reuniões ministeriais.

Em resposta ao senador Renan Calheiros (MDB-AL), Mandetta negou ter orientado a população a ter procurado os serviços de saúde apenas em caso de falta de ar. A suposta orientação é habitualmente citada por Bolsonaro como uma crítica a Mandetta. O presidente falou a respeito, por exemplo, na sua live semanal do dia 18 de março. “O apelo que eu faço a quem é contra [o tratamento inicial]… Sem problemas. Se você começar a sentir um negócio esquisito lá, você segue a receita do ministro Mandetta. Você vai para casa, e quando você estiver lá… com falta de ar, aí você vai para o hospital”, afirmou o presidente na ocasião. Segundo Mandetta, a orientação que ele efetivamente fez foi dada em janeiro e fevereiro, antes de a pandemia se instalar no Brasil, e foi remetida em um período em que a população se assustava com notícias sobre o coronavírus que vinham de países como China e Itália. "Tenho visto essa máxima repetida e isso é mais uma guerra de narrativas", declarou.

Mandetta afirmou à CPI que escreveu uma carta a Bolsonaro em 28 de março do ano passado em que apresentou suas reclamações sobre as visões distintas para o combate à pandemia. Ele sugeriu a leitura da carta durante o pronunciamento, mas os senadores descartaram a ideia. A carta, porém, será remetida à comissão.

O ex-ministro negou que tenha enfrentado algum "adversário frontal" durante sua estada no governo federal. Mas disse que recebeu menos suporte do que esperava dos ministros Paulo Guedes, da Economia, e Braga Netto, que era o titular da Casa Civil na época da crise que resultou no afastamento de Mandetta do cargo.

Em respeito à vacinação, Mandetta apontou que a imunização ainda não estava disponível durante seu período no Ministério. "Teria ido atrás das vacinas como de um prato de comida", acrescentou.

O depoimento de Mandetta, que estava previsto para as 10 horas desta terça, teve início apenas às 11 horas. O ex-ministro prossegue falando aos senadores. Outro ex-ministro da Saúde, Nelson Teich, deverá falar também na tarde desta terça.

Sessão começou com bate-boca e "retranca" de governistas

Antes de Mandetta falar, a reunião da CPI foi marcada por discussões entre os senadores e por ações de parlamentares governistas que buscavam travar o andamento dos trabalhos. Aliados do governo Bolsonaro como Eduardo Girão (Podemos-CE), Marcos Rogério (DEM-RO) e Ciro Nogueira (PP-PI) questionaram a presidência da CPI sobre tópicos regimentais, como a participação de servidores no auxílio aos trabalhos e o plano de trabalho.

Outro momento que despertou controvérsia entre os parlamentares foi o anúncio de que o também ex-ministro Eduardo Pazuello pediu para não comparecer à CPI na quarta-feira (5). O depoimento dele estava previsto para 10 horas da quarta. Pazuello alegou não poder comparecer à comissão por ter estado próximo de pessoas que contraíram covid-19. A ausência foi ironizada pelos parlamentares - a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) citou que o ex-ministro foi flagrado, há alguns dias, em um shopping em Manaus sem máscara.

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