O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, está na linha de frente do combate ao coronavírus no Brasil. Figura discreta desde que assumiu o cargo, ele se tornou nas últimas duas semanas um dos ministros mais conhecidos do governo Bolsonaro, ofuscando colegas como Sergio Moro (Justiça e Segurança) e Paulo Guedes (Economia). Mandetta comanda a segunda pasta com o maior orçamento da Esplanada e coube a ele coordenar o enfrentamento à crise causada pela disseminação do novo vírus.
Mandetta aparece em quase todas as coletivas diárias do Ministério da Saúde, com atualizações sobre a situação brasileira em meio à pandemia. Com serenidade, articulou com parlamentares a liberação de R$ 5,1 bilhões para custear medidas contra a covid-19 após reunião com os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ, e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). A autuação do ministro tem sido elogiada, tanto no relacionamento com os parlamentares, como com governadores e prefeitos.
Enquanto o presidente Jair Bolsonaro relativizava os riscos do coronavírus, Mandetta aparecia em coletiva de imprensa ao lado do governo de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciando medidas de prevenção ao novo vírus. O mesmo ocorreu enquanto Bolsonaro estava em viagem nos Estados Unidos.
A posse como ministro da Saúde
O presidente Jair Bolsonaro anunciou que Mandetta ocuparia a pasta em 20 de novembro de 2018. A Saúde tem o segundo maior orçamento entre os ministérios: R$ 229,2 bilhões. Ele colaborou para o plano de governo de Bolsonaro na área da saúde. O nome do médico teve a benção da Frente Parlamentar da Saúde (FPS) e das Santas Casas. Mandetta faz parte do trio de ministros do DEM no governo, com Tereza Cristina (Agricultura) e Onyx Lorenzoni (Cidadania).
Começou a carreira política no MDB em 2005 quando assumiu a Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande (MS), durante a gestão de Nelson Trad Filho, de quem é primo. Seguiu como secretário até 2010, no mesmo ano deixou o cargo, trocou de partido e decidiu se candidatar a deputado federal pelo DEM. Venceu o pleito e ficou no cargo por dois mandatos consecutivos, até 2018. Não disputou as últimas eleições.
Mandetta tornou-se próximo de Bolsonaro na legislatura 2015-2019. Ambos estiveram juntos na oposição ao governo Dilma Rousseff (PT). O ministro se posicionou contra o Mais Médicos desde o início do programa, em 2013. E defendeu o Revalida para os médicos estrangeiros.
O início como médico nas Forças Armadas
Luiz Henrique Mandetta nasceu em 1964, em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. É médico, especialista em ortopedia pediátrica e em gestão de serviços e sistema de saúde pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Começou a carreira no Hospital Geral do Exército, em 1993, onde atuou como médico militar tenente até 1995.
Em 1996, foi admitido como médico adjunto do Hospital Universitário e atuou também como professor do curso de pós-graduação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Foi conselheiro fiscal da Unimed, de Campo Grande (1998-1999); Conselheiro Técnico da Santa Casa, em 2000; e Presidente da Unimed em 2001. Em 2004, iniciou gestão de quatro anos como conselheiro eleito do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul (CRM/MS).
Mandetta é investigado por suposta fraude
Mandetta começou a ser investigado em 2015 por suposta fraude em licitação e caixa 2 relacionados à aquisição e instalação do sistema de Gerenciamento de Informações Integradas de Saúde (Gisa) para a Secretaria de Saúde de Campo Grande.
A investigação foi aberta pela Procuradoria-Geral da República, em Brasília, supervisionada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e realizada pela Polícia Federal (PF), porque Mandetta já era deputado federal à época. Ele atuou como secretário entre 2005 e 2010, segundo a investigação. O programa custou R$ 10 milhões, vindos de recursos federais e municipais. Mas, apesar do valor ter sido pago, o sistema não foi implementado.
Além do ministro, foram denunciados por improbidade administrativa, o prefeito Nelson Trad e mais 24 pessoas. O blog do Lúcio Vaz, na Gazeta do Povo, mostrou em 2018 que o contrato que gerou a investigação do ministro deixou um rombo de R$ 19 milhões, segundo o Ministério da Saúde.
A Controladoria-Geral da União realizou uma auditoria e apontou que Mandetta recebeu “vantagens indevidas” e realizou tráfico de influência, a implantação do projeto de prontuários eletrônicos (Gisa) deveria ter sido realizada em 2009.
Bolsonaro foi informado pelo próprio Mandetta sobre a investigação, mas manteve sua nomeação com o argumento de que o então indicado ao Ministério da Saúde não era réu e, portanto, inocente até se prove o contrário.
Postura de Mandetta contrasta com Bolsonaro
A atuação racional do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, diante da crise de saúde pública contrasta com o comportamento errático do presidente Jair Bolsonaro, que vem adotando uma postura de pouco caso ao risco representado pela covid-19, mesmo após suspeita de que ele próprio pudesse estar infectado.
No último domingo (15), o chefe do Executivo atropelou as recomendações sanitárias e cumprimentou manifestantes do ato pró-governo, em Brasília. Orientado a ficar em isolamento até refazer testes para o novo coronavírus, Bolsonaro interagiu com apoiadores. Primeiro com o punho fechado, cumprimentou os manifestantes. Depois, chegou a usar o telefone celular de algumas pessoas para tirar selfies ao lado delas, além de cumprimentá-las com as mãos abertas.
Em alguns momentos, chegou a colar o rosto ao de apoiadores para fazer fotos. Em menos de dois minutos seis celulares de fãs passaram pelas mãos de Bolsonaro para selfies. Da comitiva que acompanhou o presidente aos Estados Unidos, 11 pessoas já testaram positivo para a covid-19. "A recomendação vale para manifestações, shows, cultos e encontros, entre outras atividades", informou a pasta. Mandetta disse ao canal CNN Brasil que participar de aglomerações "é completamente equivocado". Mas preferiu não criticar abertamente o presidente.
Durante a audiência pública na Câmara em que ele e Maia anunciaram o repasse de recursos, o ministro se mostrou irritado ao citar o caso do marido da primeira paciente a ser diagnosticada com o novo coronavírus em Brasília. Mesmo com a mulher internada, o marido se recusou a fazer exames e cumprir a quarentena domiciliar.
Na terça (11), foi confirmado que o homem estava infectado com o novo coronavírus. Mandetta ressaltou que a população não pode seguir esse tipo de comportamento, e que é necessária a cooperação de todos. O ministro deixou claro durante as coletivas que até o momento estão sendo feitas recomendações para a população e não determinações.
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