CORREÇÃO: Os organizadores dos atos pró-governo do dia 15 de março decidiram adiar as manifestações em função do risco de contágio com coronavírus. Mais informações aqui.
Manifestações de apoio ao presidente Jair Bolsonaro devem acontecer em pelo menos 257 cidades, no domingo (15), segundo o Movimento Avança Brasil, um dos organizadores dos atos. Os apoiadores do presidente estão usando as redes sociais para convocar os protestos, apesar da pandemia de coronavírus recém-declarada.
O site do Movimento Nas Ruas está repassando as instruções do Ministério da Saúde para quem pretende participar dos atos: pessoas com gripe não devem ir, a não ser que usem máscaras, não é recomendado cumprimentar as pessoas "efusivamente", se possível é necessário levar álcool em gel. Pessoas do gripo de riscos, ou seja, idosos com mais de 60 anos e doentes crônicos estão mais suscetíveis a doença.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, alertou para o risco de contaminação em manifestações. Neste final de semana, além dos atos pró-Bolsonaro, estão sendo organizadas manifestações em memória aos dois anos da morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, no sábado (14). "Se você está resfriado, não vá", ressaltou Mandetta.
“As manifestações do dia 15 de março não são contra o Congresso, nem contra o judiciário. São a favor do Brasil”, afirmou o próprio Bolsonaro. A declaração foi publicada nas redes sociais da Secretaria de Comunicação do Governo.
Eduardo Platon, líder do Movimento Avança Brasil, um dos que estão organizando as manifestações, disse que não há motivo para adiar o protesto. "Estamos monitorando tudo que está acontecendo e estamos mantendo os atos para o dia 15. Os jogos de futebol não foram cancelados, os grandes eventos não foram cancelados", disse Platon.
Outro grupo, o NasRuas, também informou ao Estado que manterá a convocação. O República de Curitiba, que defende temas pró-Lava Jato, como a prisão em segunda instância, também não deve mudar a agenda.
"O vírus da corrupção no sistema político do Brasil é mais perigoso que o coronavírus no momento", afirmou Paulo Generoso, coordenador do grupo. Ele, porém, fez uma ressalva: "Se o presidente pedir (para adiar), a gente atenderá".
Na prática, os atos estão sendo vistos como uma forma de pressionar o Congresso a abrir mão do parte do orçamento da União, uma fatia equivalente a R$ 15 bilhões que ficaria na mão dos parlamentares. Apesar de declararem “pauta única”, os manifestantes devem mirar no Congresso e Supremo Tribunal Federal (STF). "A verdadeira motivação são as inúmeras e constantes ameaças antidemocráticas do Congresso", escreveu Maurício Costa, coordenador nacional do movimento Brasil Conservador que também apoia os atos.
Já os movimentos Vem pra Rua e MBL, que participaram ativamente de atos pró-impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, decidiram não participar dos atos pró-Bolsonaro.
Bolsonaro se diz vítima de “traidores” e inflama manifestações
Não foi a primeira vez que o presidente fez chamamentos para os protestos. Ele já havia compartilhado com aliados, através do WhatsApp, vídeos convocatórios para a manifestação, fato criticado por lideranças como o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e que resultou em uma semana tensa nas relações entre Executivo e Legislativo. Bolsonaro também se declarou vítima de traidores em seu governo. “Já levei facada no pescoço dentro do meu gabinete” afirmou.
Apesar de os apoiadores do presidente convocarem o protesto em meio a ataques a parlamentares e a ministros do Supremo Tribunal Federal, Bolsonaro afirmou que o ato não será “contrário ao Congresso Nacional ou ao Judiciário”. Ele acrescentou: “Quem diz que os protestos do dia 15 são contra a democracia está mentindo”.
Queda de braço com Congresso
Porém, em um recado aos parlamentares, Bolsonaro disse que Maia e Davi Alcolumbre, presidente do Senado, têm a chance de arrefecer os atos se "anunciarem algo no tocante a dizer que não aceitam" que o Congresso controle R$ 15 bilhões. "Acredito que eles possam botar até um ponto final na manifestação, não um ponto final, porque ela vai haver de qualquer jeito, mas para mostrar que estamos, sim, afinados no interesse do povo brasileiro", afirmou o presidente, em nova tentativa de enquadrar o Congresso. Maia e Alcolumbre não responderam.
O gesto do presidente faz parte de uma estratégia para agradar apoiadores nas redes sociais. Com a ofensiva, ele tenta mais uma vez se descolar da imagem desgastada do Legislativo, estimulando atos contra deputados e senadores. "O que a população quer, que está em discussão lá em Brasília: não quer que o Parlamento seja o dono do destino dos R$ 15 bilhões do Orçamento", disse Bolsonaro, sob aplausos, em um evento com apoiadores em Miami.
A quantia citada pelo presidente diz respeito ao montante que o relator do Orçamento, deputado Domingos Neto (PSD-CE), terá sob seu controle, para destinar a obras em redutos eleitorais de parlamentares. Ao pedir para o Congresso não aprovar um projeto de lei nesse sentido, Bolsonaro quebra um acordo feito pelo ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, com os presidentes das Casas, que estancou uma crise em torno do Orçamento impositivo.
Ou seja, a negociação foi fruto do próprio governo para garantir os vetos presidenciais à proposta que diz como os recursos públicos serão gastos. Antes do acordo, a previsão estabelecida no texto era para que o relator do Orçamento controlasse R$ 30,1 bilhões.
Confira as cidades que participarão, segundo o Nas ruas:
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