Manifestantes depredaram e queimaram na noite desta segunda-feira (12) oito carros estacionados próximos ao prédio da Diretoria-Geral da Polícia Federal, em Brasília. Também atearam fogo em ônibus – cinco foram queimados. Além disso, o grupo atirou pedras e paus na sede da PF. O tumulto teria começado após a prisão de um indígena que tem participado de manifestações em Brasília contra a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). E ocorreu nas proximidades do hotel onde Lula está morando durante o período de transição de governo. O vandalismo foi contido durante a madrugada desta terça (13). E nenhum participante do tumulto foi preso.
Os manifestantes são supostos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL). Vários deles usam camisas amarelas e estampadas com a bandeira do Brasil. A polícia dispersou cerca de 200 manifestantes usando balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo. Vias próximas à sede da PF, na área central de Brasília, foram fechadas. A Polícia Militar do Distrito Federal também esteve no local para conter o protesto.
O hotel onde o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), está hospedado com sua equipe foi cercado pelo Comando de Operações Táticas da Polícia Federal (PF) e pela tropa de choque da PM do DF para garantir a segurança. A Esplanada dos Ministérios chegou a ser fechada, diante do risco de os atos se espalharem.
Moraes acatou pedido da PGR porque o cacique teria praticado atos antidemocráticos
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes acatou um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e determinou a prisão temporária de José Acácio Serere Xavante, pelo prazo inicial de dez dias, pela suposta prática de condutas ilícitas em atos antidemocráticos.
“Segundo a Polícia Federal (PF), Serere Xavante teria realizado manifestações de cunho antidemocrático em diversos locais de Brasília (DF), notadamente em frente ao Congresso Nacional, no Aeroporto Internacional de Brasília (onde invadiram a área de embarque), no centro de compras Park Shopping, na Esplanada dos Ministérios (por ocasião da cerimônia de troca da bandeira nacional e em outros momentos) e em frente ao hotel onde estão hospedados o presidente e o vice-presidente da República eleitos”, informou a Corte, em nota.
Ao pedir a prisão temporária, a PGR argumentou que Serere Xavante “vem se utilizando da sua posição de cacique do Povo Xavante para arregimentar indígenas e não indígenas para cometer crimes, mediante a ameaça de agressão e perseguição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e dos ministros do STF Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso”, segundo o STF.
“A manifestação, em tese, criminosa e antidemocrática, revestiu-se do claro intuito de instigar a população a tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo a posse do presidente e do vice-presidente da República eleitos”, registrou a PGR.
De acordo com o STF, Moraes ressaltou que as condutas do investigado se revestem de agudo grau de gravidade e revelam os riscos decorrentes da sua manutenção em liberdade, uma vez que Serere Xavante convocou expressamente pessoas armadas para impedir a diplomação dos eleitos. “A restrição da liberdade do investigado, com a decretação da prisão temporária, é a única medida capaz de garantir a higidez da investigação”, afirmou o ministro.
Futuro ministro da Justiça diz que segurança de Lula foi "garantida"
O futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou que entrou contato com o Governo do Distrito Federal (GDF) e que a segurança do presidente eleito foi "garantida". "Temos dialogado com o GDF, a quem compete a garantia da ordem pública em Brasília, atingida por arruaças políticas. A segurança do presidente Lula está garantida. As medidas de responsabilização jurídica prosseguirão, nos termos da lei", disse Dino no Twitter.
"Inaceitáveis a depredação e a tentativa de invasão do prédio da Polícia Federal em Brasília. Ordens judiciais devem ser cumpridas pela Polícia Federal. Os que se considerarem prejudicados devem oferecer os recursos cabíveis, jamais praticar violência política", afirmou.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) classificou os manifestantes como "terroristas". "Não é manifestação democrática, não é um ato de pessoas de bem. O que Brasília está presenciando hoje são ações criminosas de quem não aceita a Democracia. Todos devem ser responsabilizados, inclusive a influência de Bolsonaro e sua esposa pelo estímulo aos golpistas!", disse nas redes sociais.
“Os terroristas que tentaram invadir a sede da PF estão concentrados em torno do hotel onde está hospedado o presidente Lula. Rogo ao governador do DF, Ibaneis Rocha, para que tome as providências junto à PM para garantir a tranquilidade na capital e a segurança do presidente eleito!”, completou Randolfe.
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