A postura do presidente Jair Bolsonaro de renegar a ditadura militar foi criticada em manifesto de diplomatas. Foto: Sergio Lima/AFP| Foto:

Um grupo de diplomatas brasileiros divulgou nesta segunda-feira, dia 1°, um manifesto de repúdio às declarações do presidente Jair Bolsonaro e do chanceler Ernesto Araújo em defesa do golpe militar de 1964. A narrativa do material usa a mesma definição adotada pelo presidente e alguns de seus ministros militares para classificar o fato histórico. Para eles, a derrubada de João Goulart do poder, que marcou o início do período de 21 anos de ditadura militar no Brasil, foi apenas um movimento para conter o avanço do comunismo no País.

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O texto apoiado por dezenas de diplomatas é apócrifo devido ao temor de represálias e retaliações por parte do chanceler. Segundo o manifesto, a postura de Bolsonaro e Araújo em relação ao golpe de 64 viola "os mais elementares compromissos que regem hoje a inserção internacional do Brasil e trazem danos graves à imagem do país".

Os diplomatas repudiam ainda declarações do presidente em relação às ditaduras de Alfredo Stroessner, no Paraguai, e Augusto Pinochet, no Chile, e lembram que a Comissão Nacional da Verdade fez diversas recomendações ao Itamaraty "entre elas a de compreender como foi possível 'se deixar capturar' pelo envolvimento direto na repressão, com graves consequências para as vidas de muitos cidadãos brasileiros".

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Por fim, o manifesto lista uma série de violações cometidas pelo regime militar.

"A ditadura instaurada em 1964 cometeu crimes contra a humanidade, de forma sistemática e como estratégia para se manter no poder por mais de vinte anos. Assassinou, sequestrou e torturou opositores de diversas correntes ideológicas, entre eles lideranças políticas contrárias à luta armada. Perseguiu funcionários públicos que não se sujeitaram ao arbítrio, inclusive militares e diplomatas. Censurou as artes, o pensamento e a expressão da pluralidade brasileira. Arrancou de gerações de brasileiros os direitos políticos mais fundamentais. Destruiu famílias, massacrou povos indígenas, estuprou mulheres, torturou crianças. Deixou profundas e deletérias marcas na vida institucional do País, cujas consequências para o efetivo respeito aos direitos humanos ainda hoje enfrentamos", diz o texto.

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