O projeto de lei que estabelece um marco temporal para a demarcação de terras indígenas foi aprovado nesta quarta (27), pelo Senado, por 43 votos a 21 contrários, e seguirá para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O texto determina que os povos indígenas só podem reivindicar a posse de terras que ocupavam, de forma permanente, em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição.
A aprovação ocorreu na contramão da análise do Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou a tese como inconstitucional. A decisão gerou reação do Congresso Nacional, principalmente da Frente Parlamentar do Agronegócio (FPA), que acelerou a tramitação do projeto.
Os senadores aprovaram o texto-base do projeto de lei no mesmo dia em que passou pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e teve o regime de urgência votado favoravelmente por 41 votos a 20 contrários.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), negou que a aprovação com urgência pelo Congresso seja um “revanchismo” contra o STF. De acordo com ele, o país não precisa “semear a discórdia entre os Poderes e entre as instituições e semear a discórdia na sociedade brasileira. Não há uma dicotomia entre interesse indígena e interesse econômico”. Pacheco ressaltou que os Poderes devem se respeitar entre si.
Veja abaixo como votaram os senadores para a aprovação do projeto de lei 2.903/23 (veja a votação na íntegra):
Votos favoráveis (43):
- Alan Rick (União Brasil-AC);
- Carlos Viana (Podemos-MG);
- Ciro Nogueira (PP-PI);
- Cleitinho (Republicanos-MG);
- Damares Alves (Republicanos-DF);
- Daniella Ribeiro (PSD-PB);
- Davi Alcolumbre (União Brasil-AP);
- Dr. Hiran (PP-RR);
- Eduardo Girão (Novo-CE);
- Eduardo Gomes (PL-TO);
- Efraim Filho (União Brasil-PB);
- Esperidião Amin (PP-SC);
- Fernando Dueire (MDB-PE);
- Fernando Farias (MDB-AL);
- Flávio Arns (PSB-PR);
- Hamilton Mourão (Republicanos-RS);
- Jaime Bagattoli (PL-RO);
- Jayme Campos (União Brasil-MT);
- Jorge Kajuru (PSB-GO);
- Jorge Seif (PL-SC);
- Laércio Oliveira (PP-SE);
- Lucas Barreto (PSD-AP);
- Magno Malta (PL-ES);
- Marcio Bittar (União Brasil-AC);
- Marcos Rogério (PL-RO);
- Marcos do Val (Podemos-ES);
- Margareth Buzetti (PSD-MT);
- Mauro Carvalho Junior (União Brasil-MT);
- Mecias de Jesus (Republicanos-RR);
- Oriovisto Guimarães (Podemos-PR);
- Plínio Valério (PSDB-AM);
- Professora Dorinha Seabra (União Brasil-TO);
- Renan Calheiros (MDB-AL);
- Rodrigo Cunha (Podemos-AL);
- Rogerio Marinho (PL-RN);
- Sergio Moro (União Brasil-PR);
- Soraya Thronicke (Podemos-MS);
- Styvenson Valentim (Podemos-RN);
- Tereza Cristina (PP-MS);
- Vanderlan Cardoso (PSD-GO);
- Weverton (PDT-MA);
- Wilder Morais (PL-GO);
- Zequinha Marinho (Podemos-PA).
Votos contrários (21):
- Alessandro Vieira (MDB-SE);
- Ana Paula Lobato (PSB-MA);
- Augusta Brito (PT-CE);
- Beto Faro (PT-PA);
- Cid Gomes (PDT-CE);
- Confúcio Moura (MDB-RO);
- Eduardo Braga (MDB-AM);
- Eliziane Gama (PSD-MA);
- Fabiano Contarato (PT-ES);
- Humberto Costa (PT-PE);
- Jaques Wagner (PT-BA);
- Jussara Lima (PSD-PI);
- Leila Barros (PDT-DF);
- Marcelo Castro (MDB-PI);
- Omar Aziz (PSD-AM);
- Otto Alencar (PSD-BA);
- Paulo Paim (PT-RS);
- Randolfe Rodrigues (sem partido-AP);
- Rogério Carvalho (PT-SE);
- Romário (PL-RJ);
- Zenaide Maia (PSD-RN).
Além de fixar o dia 5 de outubro de 1988 como limite para demarcação, o texto também prevê a exploração econômica das terras indígenas, inclusive em cooperação ou com contratação de não indígenas. A celebração de contratos nesses casos dependerá da aprovação da comunidade, da manutenção da posse da terra e da garantia de que as atividades realizadas gerem benefício para o grupo.
A origem do marco temporal remonta a 2009, quando foi utilizado em um parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) durante a demarcação da reserva Raposa-Serra do Sol, em Roraima. Desde então, essa tese tem sido amplamente debatida e contestada.
De um lado, os apoiadores afirmam que o marco temporal é necessário para garantir a segurança jurídica e evitar conflitos de terra em áreas que poderiam ser reivindicadas mesmo sem terem sido ocupadas por indígenas. De outro, representantes dos povos originários afirmam que a tese vai no caminho contrário, alegando que muitas comunidades foram expulsas de seus territórios originais antes de 1988.
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF
Deixe sua opinião