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O senador Marcos do Val (Podemos-ES) afirmou nesta terça-feira (9) que a derrubada de contas na rede X, antigo Twitter, por solicitação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), é uma “ditadura”.
“Nós tivemos aqui o absurdo de ver um ministro da Suprema Corte do país ligando para uma empresa e pedindo para derrubar contas, e dizer que foi por quebrar as regras da empresa. Quer dizer, o ministro da Suprema Corte chegar a esse ponto de fazer essa solicitação, e todas as outras big techs aceitaram, é algo que, para mim... Assim, não precisa mais afirmar que estamos numa ditadura”, disse o senador no plenário do Senado.
Do Val também criticou a preocupação em cima das Forcas Armadas darem um golpe, enquanto quem tem liderado um, segundo ele, é o próprio Moraes. “Nós estamos hoje em uma ditadura. Acabou a democracia”, declarou.
O senador ainda apontou a dificuldade de se regulamentar as redes sociais nos dias atuais, com relação às fake news e à inteligência artificial. E ele também afirmou que o processo das eleições de 2022 foi manipulado.
“Agora a gente sabe por que esse ódio de quem duvidava, botava em dúvida as eleições, porque o ministro Alexandre de Moraes estava fazendo essa manipulação nas redes sociais, nas empresas que prestavam serviço: "Olha, fale mais de um e não fale de outro. Todos os que tiverem hashtag e se colocarem como direita, derrube a página deles e fale que é porque eles erraram, ou cometeram algum crime da rede social, e não foi uma decisão judicial", disse Do Val.
No discurso, o parlamentar também criticou a inclusão do seu nome no inquérito dos “atos golpistas” por estar investigando e denunciando a invasão das sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023.
“Isso porque eu estava na função da Comissão Representativa, que me dava o poder para a investigação, me dava o poder para questionar ministros. Tudo o que foi feito foi dentro da legalidade, da moralidade. Mas, como eu saí denunciando os possíveis prevaricadores, me colocaram no inquérito para ver se me intimidavam”, disse.
Marcos do Val foi alvo de uma busca e apreensão autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes no dia 15 de junho de 2023.
A ação da PF ocorreu três dias após o senador fazer uma postagem em uma rede social afirmando que autoridades receberam informações prévias sobre as manifestações do 8 de janeiro, que terminaram em atos de vandalismo contra os Três Poderes.
Do Val chegou a se licenciar da atividade parlamentar em junho do ano passado, e teve que ser substituído na CPMI que investigava os atos do 8 de janeiro. O seu retorno ao cargo ocorreu no dia 01 de agosto.