O deputado federal Marcos Pereira (Republicanos-SP) ganhou o endosso do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), na disputa pela presidência da Câmara dos Deputados. Ele é considerado um dos três preferidos para sucessão de Arthur Lira (PP-AL), junto com Elmar Nascimento (União-BA) e Antônio Brito (PSD-BA). A votação ocorre apenas em fevereiro, no começo do próximo ano legislativo, mas as articulações dos pré-candidatos estão acelerando neste segundo semestre.
"Quem sabe não é um objetivo distante, nem impossível, nem um sonho. Quem sabe o nosso partido (Republicanos) vai fazer o próximo presidente da Câmara dos Deputados”, disse Freitas durante evento que oficializou a candidatura de Ricardo Nunes (MDB) à reeleição da capital paulista.
Enquanto Lira não anuncia quem vai ter o seu apoio para a sucessão – a expectativa é que isto aconteça ainda em agosto –, Pereira busca apoio dos partidos para se lançar de cabeça na campanha. Recentemente ele também recebeu um afago do presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), que disse que Pereira "é uma grande referência que nós temos na Câmara Federal" e que "não à toa" ele é um dos mais cotados para ser o próximo presidente da Câmara dos Deputados.
Na opinião do deputado Augusto Coutinho (Republicanos-PE), a candidatura de Marcos Pereira à sucessão de Lira "está posta", e não deve ser reavaliada, nem mesmo diante da possibilidade de composição com outros partidos depois que o atual presidente da Casa anunciar o seu "preferido" à sucessão.
Nos bastidores, alguns parlamentares levantam a possibilidade dos candidatos oficiais à sucessão se unirem em torno do nome apoiado pelo presidente da Câmara para garantir maior apoio do bloco integrado pelos partidos de centro e até da oposição formada pelo Partido Liberal.
O próprio Marcos Pereira, procurado pela Gazeta do Povo, confirmou a candidatura, mas preferiu não comentar sobre suas estratégias. Ao Globo, o deputado disse que "não vai desistir da campanha", mesmo que não consiga obter o apoio de Lira. "Vou até o dia 1º de fevereiro como candidato e acho que vou ganhar. Se eu perder, tenho um partido para sentar nas mesas de negociações", disse.
Apoio da bancada evangélica pode pesar a favor de Marcos Pereira
Marcos Pereira é pastor da Igreja Assembleia de Deus dos Últimos Dias e, segundo a avaliação de parlamentares, sua orientação religiosa pode ser um diferencial nesta campanha. A bancada evangélica na Câmara dos Deputados conta com 202 deputados.
Além disso, Pereira tem se aproximado do Palácio do Planalto em algumas ocasiões, como na solenidade que lembrou os atos do 8 de janeiro, em que representou a Câmara na ausência de Lira – Pereira é o primeiro vice-presidente da Casa.
Embora o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) diga que se manterá neutro na disputa pela sucessão, seus articuladores preferem que o novo líder da Câmara tenha um perfil mais alinhado ao Planalto, para facilitar a articulação política e a aprovação de pautas prioritárias.
Vale lembrar que a articulação, a cargo do ministro Alexandre Padilha, foi um problema que rendeu várias derrotas a Lula na Câmara, a exemplo do marco temporal e da desoneração da folha. Lira chegou a dizer publicamente que Padilha era seu desafeto político.
Familiaridade com estrutura da Câmara também pode favorecer Pereira, diz analista
Na opinião do professor de Ciência Política da Universidade de Brasília, Waldir Pucci, outro ponto a favor de Marcos Pereira pode ser justamente a familiaridade com a estrutura da Câmara e o funcionamento administrativo da Casa, já que o parlamentar está há dois mandatos na vice-presidência.
"A grande característica que torna o Marcos Pereira um bom nome, um nome competitivo à Câmara Federal, é o fato de ele já ter ocupado a vice-presidência nos dois últimos mandatos de Lira, ou seja, é uma pessoa que conhece todos os trâmites da Câmara dos Deputados, que conhece o regimento, conhece o funcionamento interno", afirma o analista.
Ainda de acordo com Pucci, também somam pontos a favor da candidatura de Marcos Pereira o fato de ele presidir um partido que tem mais de 40 deputados federais e que é de centro. Ele pondera, porém, que isso pode acabar afastando alguns deputados da esquerda mais radical.
Apoio de Lira será determinante na sucessão
A corrida para a presidência da Câmara dos Deputados promete se intensificar a partir do anúncio de quem Lira apoiará na disputa. Em entrevista recente à CNN, ele disse que o nome escolhido para comandar a Casa a partir de 2025 deve manter o “perfil” da Casa legislativa.
“Hoje, nós temos três grandes nomes para a disputa da Presidência da Câmara em 2025, e três grandes nomes do mesmo grupo e bloco político – eu tive o voto dos três nas duas eleições que disputei”, afirmou Lira.
Na avaliação dele, é, de sua parte, “justíssimo deixar que cada um caminhe, faça suas conversas e lute pelo objetivo [a Presidência] de forma independente, de modo que um nome se consolide como o escolhido pelo bloco partidário que engloba todos os partidos da Câmara, com exceção de PSOL, Rede e Novo".
Diversas legendas ainda estão em busca de alianças estratégicas para fortalecer suas candidaturas. O PL de Jair Bolsonaro, por exemplo, ainda não decidiu se lançará um candidato próprio ou se apoiará um dos favoritos. Possivelmente deverá compor uma chapa indicando um vice, embora dentro do partido exista quem defenda o lançamento de uma candidatura da oposição.
A disputa interna pela presidência da Câmara impacta o andamento das principais pautas legislativas no país, e será diretamente influenciada pelo perfil do novo presidente.
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