Operação da PF cumpriu um mandado de prisão preventiva e sete de busca e apreensão no Rio de Janeiro.| Foto: divulgação/Câmara Municipal do Rio de Janeiro
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A Polícia Federal prendeu no Rio de Janeiro, na manhã desta segunda (24), um suspeito de envolvimento na morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, há cinco anos. Maxwell Simões Corrêa, conhecido como Suel, era o dono do carro usado para esconder as armas que estavam em um apartamento de Ronnie Lessa, policial militar reformado acusado de ser um dos autores do assassinato.

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Suel foi preso durante a Operação Élpis que cumpriu, ainda, sete mandados de busca e apreensão durante a FT-MA (Força Tarefa Marielle e Anderson), segundo o Ministério Público do estado. A prisão do ex-bombeiro ocorreu após outro acusado da morte de Marielle, Élcio de Queiroz, acertar uma delação premiada com o Ministério Público, há cerca de 20 dias, de acordo com o ministro Flávio Dino, da Justiça.

Segundo Dino, Élcio revelou detalhes da participação de um terceiro indivíduo na morte da vereadora e do motorista, e confirmou as circunstâncias da execução do crime. “Ele narra a dinâmica do crime, a participação dele próprio e do Ronnie Lessa, e aponta o Maxwell e outras pessoas como copartícipes desse evento criminoso no Rio de Janeiro”, disse o ministro.

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O diretor-geral da PF, Andrei Passos, disse que Suel confirmou também que tentou ocultar provas do crime – o carro em que armazenou as armas utilizadas na execução. Segundo a corporação, o ex-bombeiro teve participação antes do crime, guardando o veículo e vigiando a vereadora, durante e após a execução, tendo sido responsável por dar fim ao veículo.

Ele teria aceitado fazer a delação premiada ao ver que não seria absolvido do crime com as provas reanalisadas e as novas evidências colhidas a partir da instalação da força-tarefa.

“A investigação não está concluída, o que há é uma mudança de patamar, da execução, e há elementos para um novo patamar, de identificação dos mandantes do crime. Há aspectos que ainda estão em investigação em segredo de justiça. O certo é que nas próximas semanas haverá novas operações derivadas do conjunto de provas colhidas hoje”, completou Flávio Dino.

O ministro afirmou, ainda, que as investigações indicam “uma forte vinculação desses homicídios, especialmente da vereadora Marielle, com a atuação das milícias e do crime organizado do Rio de Janeiro. Isso é indiscutível”.

Flávio Dino não revelou as “cláusulas” para a delação premiada, mas afirmou que Élcio Queiroz vai continuar preso por conta de “outras pessoas com notória periculosidade”, com a colaboração permanecendo em sigilo.

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Avanço das investigações

Ainda segundo o ministro, muitas lacunas que estavam abertas na investigação foram preenchidas a partir da delação de Queiroz, que começou a ser negociada há cerca de três semanas e foram homologadas pela Justiça. “Vamos apresentar outros elementos de prova”, completou confirmando que novas diligências serão realizadas nas próximas semanas.

A Polícia Civil do Rio de Janeiro não participou da operação desta segunda (24). O caso passou para a alçada da Polícia Federal em fevereiro deste ano após determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e foi instituída uma Força Tarefa para prosseguir com a investigação.

Flavio Dino disse que as provas colhidas até então passaram a ser reanalisadas pela Polícia Federal junto de outras que começaram a ser levantadas, o que levou à delação de Queiroz.

“Havia uma tese de defesa no sentido de negativa de autoria. As provas colhidas e reanalisadas pela PF de fevereiro para cá confirmaram de modo inequívoco a participação do Élcio e do Ronnie. Isto conduziu à delação do Élcio que, ao fazer a delação, confessa a sua própria participação, aponta a do Ronnie e acrescenta a participação decisiva do Maxwell”, disse o ministro reafirmando que novas operações devem ser realizadas nas próximas semanas.

Apesar disso, Dino diz que não houve uma “competição” pelo avanço das investigações, e que a operação ocorreu somente por conta da delação premiada de Suel.

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As investigações passaram à Polícia Federal em fevereiro após tramitarem por quase cinco anos na polícia do Rio de Janeiro. Suel já havia sido condenado à prisão em 2021 por dificultar as investigações, mas cumpria pena em regime aberto.

Segundo o MP, Suel era o dono do carro usado para esconder armas que estavam em um apartamento de Ronnie Lessa, policial militar reformado acusado de ser um dos autores do assassinato. Ele e um segundo acusado, Élcio de Queiroz, foram presos durante a primeira fase das investigações conduzidas pela Polícia Civil fluminense e serão julgados pelo Tribunal do Júri em uma data ainda a ser marcada.

Pelas redes sociais, a irmã da vereadora e ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, disse que conversou com Dino e com o diretor-geral da PF sobre a operação e que se diz confiante na condução da investigação.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]