Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Assassinato

PF conclui que houve tentativa de atrapalhar investigações do caso Marielle

Ato na escadaria da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) marca um ano da morte da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Vereador do PSOL Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes foram alvejados por tiros de metralhadora. (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

A Polícia Federal concluiu que houve tentativa de atrapalhar as investigações dos assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Gomes. O relatório com os resultados da investigação foi enviado a Raquel Dodge, procuradora-geral da República.

A PF entrou no caso em novembro do ano passado, quando começou uma "investigação da investigação", paralela, para verificar denúncias de irregularidades no trabalho estadual. Quem está apurando a autoria e motivação do crime em si é a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio.

Com 600 páginas, o documento concluído pela PF aponta que os responsáveis pela obstrução foram o policial militar Rodrigo Jorge Ferreira, o Ferreirinha, e sua advogada, Camila Nogueira. O agente teria dado um depoimento falso para dificultar a solução do caso.

Ele procurou a polícia menos de um mês após o crime, em maio do ano passado, acusando o miliciano e ex-policial militar Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando da Curicica, de ter planejado a morte da política junto com o vereador Marcello Siciliano.

Ferreira contou aos policiais ter ouvido uma conversa, num restaurante em 2017, em que os dois diziam que "precisavam resolver" um problema com Marielle e o deputado Marcelo Freixo (PSOL). Essa foi durante meses uma das principais linhas de investigação da Polícia Civil, mas ambos sempre negaram envolvimento.

O policial militar é ex-segurança de Orlando e pediu proteção ao procurar a polícia, alegando ter sido ameaçado de morte pelo miliciano. Depois, porém, a Polícia Federal descobriu que Ferreira poderia ter algum tipo de interesse em prejudicá-lo: três meses depois de fazer a delação, o PM assumiu o controle de um complexo esportivo na zona oeste do Rio que antes era dominado por Orlando.

Nessa época, a PF cumpriu oito mandados de busca e apreensão ligados ao caso. Os alvos incluíram as casas de Ferreira e de sua advogada; de um delegado federal que levou o PM até os investigadores, Hélio Khristian; do conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Domingos Brazão; e de mais um ex-policial civil e um ex-policial federal.

A advogada de Ferreira, Camila Nogueira, disse à Polícia Federal na ocasião que desconfiava da versão de seu cliente e que se sentiu usada, conforme depoimento divulgado pela TV Globo em março. Ela afirmou que a suposta "manobra" de Ferreira poderia ter ocorrido por ordem de outra pessoa, já que ele "não teria capacidade para tanto".

Segundo o jornal O Globo, além de Ferreira e Nogueira, o inquérito concluído agora pela PF também cita dois advogados que atuaram na defesa de Orlando da Curicica como suspeitos de tentar obstruir as investigações. Haveria, inclusive, uma conexão entre eles e um policial da Delegacia de Homicídios, que investiga o caso Marielle.

Eles teriam tentado obter uma delação do miliciano, preso desde 2017 em Mossoró (RN), a mando da contravenção. O motivo seria o medo de as apurações do assassinato trazerem à tona outros crimes cometidos por um grupo de matadores de aluguel apelidado de Escritório do Crime, formado por PMs da ativa e ex-policiais.

A entrada da Polícia Federal no caso aconteceu justamente depois que Orlando acusou a Polícia Civil do Rio de coagi-lo a assumir a morte da vereadora e de ser paga para proteger matadores de aluguel. Ele havia dito que policiais da Delegacia de Homicídios recebiam mesadas para não elucidar assassinatos cometidos por esse grupo.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.