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Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, em audiência na Câmara, nesta quarta-feira (16).
Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, em audiência na Câmara, nesta quarta-feira (16).| Foto: Vinicius Loures / Câmara dos Deputados

A ministra do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, Marina Silva, compareceu nesta quarta-feira (16) na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados. Inicialmente, a ministra havia informado que não iria participar devido a uma agenda com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas em meio às críticas da oposição ela decidiu estar presente.

A audiência foi marcada por embates entre deputados da esquerda e da oposição, com assuntos relacionados ao recordes de queimadas, à preservação ambiental e agropecuária.

A deputada Júlia Zanatta (PL-SC) bateu boca com a ministra durante a audiência, após ela questionar Marina sobre o fato dela ser “capacho de ONGs”

“Por que agora a prioridade do ministério parece ser agradar a ONGs e organizações estrangeiras, e não resolver o problema das queimadas? O Brasil virou o capacho verde dos bilionários do exterior?”, questionou a deputada.

Em resposta a Zanatta, Marina disse “a senhora não vai me intimidar (...) ambientalistas de conveniência, que nunca fizeram nada pelo meio ambiente, agora vem com esse papinho de preocupação”. 

À Gazeta do Povo, a deputada catarinense reforçou as críticas à ministra e disse que não se arrepende da sua postura na audiência. “Ficou nervosa quando foi questionada se era capacho de ONG e de bilionários estrangeiros. Marina Silva é dissimulada e incompetente”, disse Zanatta.

Na audiência, o presidente da comissão, deputado Evair de Melo (PP-ES), tentou intervir no bate-boca, mas acabou discutindo com um assessor da ministra. Em seguida, Marina disse que ele “está com dificuldade de presidir”. Em resposta, Evair disse: “se tem um curso que eu fiz foi para suportar a ignorância. Esse tipo de ofensa não me atinge”. Por fim, Marina ironizou: “inclusive a sua própria [ignorância]”.

Ao fazer um balanço da audiência com a ministra, Evair de Melo declarou que “o debate foi intenso, mas houve espaço para que ela apresentasse suas argumentações na verdadeira casa do povo, permitindo que a imprensa e a sociedade conhecessem a sua posição”.

“É lamentável que um ministério tão crucial quanto o do meio ambiente esteja sob a gestão de Marina Silva, cuja incapacidade ficou evidente em diversas falas durante a audiência”, escreveu o deputado pela rede X.

Postura “arrogante” e fugiu das perguntas

Para alguns parlamentares da comissão, a ministra adotou uma postura considerada “arrogante” e foi criticada por fugir das perguntas mais incisivas, deixando dúvidas sobre o compromisso do governo em enfrentar os problemas do meio ambiente.

De acordo com o deputado Rodolfo Nogueira (PL-MS), autor do pedido de audiência com a ministra, Marina “é uma especialista em fugir de suas responsabilidades”.

”Quando questionada sobre os incêndios e suas consequências devastadoras para o agro, preferiu contornar as perguntas com discursos genéricos”, disse. E ainda acrescentou que “essa é a ministra que o Brasil tem à frente de uma das pastas mais importantes? Lamentável”.

Na mesma linha, o deputado Sanderson (PL-RS) enfatizou que a ministra “fugiu das perguntas” e demonstrou que “não está interessada em prestar contas de verdade”.

”O Brasil precisa de alguém que responda com seriedade as preocupações do agro, não de uma ministra que se esconde por trás de discursos prontos”, destaca o deputado gaúcho.

Marina cobra “preocupação real com ações ambientais”

Na audiência, Marina Silva manteve o mesmo discurso da audiência que teve no Senado sobre o recorde de queimadas. Com o tom “ambientalista”, ela reforçou a sua preocupação com a “crise climática” no país.

Segundo a ministra, o governo federal estuda medidas para implementar uma estratégia nacional de enfrentamento a eventos climáticos extremos, bem como um conselho nacional de segurança climática.

Ao ser questionada pelo deputado Pedro Júnior (PL-TO), sobre o fato do ministério tratar o agronegócio como inimigo, a ministra disse que se “considera a maior amiga do verdadeiro agronegócio”. “Os verdadeiros amigos do agro são aqueles que não permitem que o agro seja associado a desmatamento", disse.

"Uma ascendência do desmatamento de mais de 50%, como eu encontrei, depõe contra o agro. Ter reduzido o desmatamento em mais de 60% nesse 1 ano e 8 meses fez com que conseguíssemos abrir quase 200 mercados para o agro brasileiro", completou.

Sobre as queimadas, a ministra informou que a Polícia Federal está investigando os incêndios criminosos que ocorreram pelo país e até o momento, foram abertos 111 inquéritos.

Em conversa aos jornalistas, no final da audiência, Marina disse que já esperava o tipo de reação por parte dos parlamentares e criticou a falha na condução por parte de Evair de Melo. Para ela, é necessária uma preocupação real com as ações ambientais e com as mudanças climáticas.

“No passado, as mesmas pessoas sempre foram contra a reserva legal, sempre foram contra as áreas de preservação permanente, sempre foram contra aqueles que mais protegem, que são os povos indígenas, e sempre foram contra o posicionamento da ciência que está dizendo que cada vez mais nós vamos ter eventos extremos”, declarou.

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